03 July 2007

O poder de nos enxergar em todos lugares...

27 Fev


"Quando nos deitávamos na cama era fresca, mas depois tornava-se quente e febril. Os seus olhos...é impossível descrever os seus olhos, a não ser dizendo que eram os olhos de um orgasmo. O que lhe acontecia constantemente nos olhos era algo de tão febril, tão incendiário, tão intenso, que por vezes quando olhava diretamente para ela e sentia o meu pênis erguer-se e palpitar, sentia também como se algo estivesse a palpitar nos olhos dela. Só com os olhos dela era capaz de dar essa resposta, essa resposta absolutamente erótica como se ondas febris estivessem a tremer naqueles lagos de loucura...algo de devorador, capaz de lamber um homem de uma ponta à outra como uma chama, aniquilá-lo, com um prazer nunca antes conhecido."
Anaïs Nin
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Boa noite, meu amor...

... estava lendo Anaïs Nin, tentando dormir. Lógico que isso não poderia dar certo; Anaïs Nin sempre me causa pensamentos mais densos, e agora eles se aliam aos pensamentos que tenho com/por você. Pensamentos, lembranças, desejos, arrepios, sonhos, vontades, verdades, realidades. Tudo o que se refere à você.

Não consigo dormir. Queria estar na tua cama, nua, lendo para você os trechos mais interessantes, depois te olhar e morder os lábios, dar aquele sorriso que você já conhece, e me atirar no teu corpo (desajeitada do jeito que sou). Ou então ficar lendo e fugindo do seu toque, apenas retendo o momento e a sensações sinestésicas. As palavras aliadas aos olhares, ao desejo pulsante e crescente, ao seu cheiro, aos nossos corpos sensíveis até mesmo ao mais leve sopro. Tudo isso se tornado indistigüível pelo topor que vai tomando conta da gente, e nublando a visão e a razão. Até nós nos abandonarmos de nós mesmo e nos entregarmos um ao outro.
Amo o modo como você me faz sentir, e não falo apenas desses nossos pequenos prazeres carnais; se fosse só isso jamais permaneceria ao teu lado, dormiria e acordaria contigo, entregaria minha alma em beijos. Mas o modo como você me deixa em paz, me faz feliz, sorrir para as coisas mais simples, bobas,o seu poder de aniquilar quase que totalmente meu mau-humor, minhas preocupações. Amo quem sou quando estou ao teu lado.
Às vezes queria me ver de fora quando estou perto de você, devo parecer algo meio de outro mundo, porque o que sinto perto de ti não pode ser deste.

Estou com saudades, e não faz nem um dia que te vi pela última vez! Que provei do teu beijo, teu corpo, teu gosto, teu cheiro. Incrível como teu cheiro tem ficado no meu corpo, e isso me deixa realmente maluca. Maluca a ponto de ignorar responsabilidades, obrigações e cometer loucuras para estar do teu lado. É como se fosse tua marca secreta em mim, ninguém pode ver, mas todos percebem. E eu fico perturbada por não poder te ter sempre ao alcance dos meus lábios.

Amo-te Diego. Hoje mais que ontem e bem menos que amanhã.

("Todos os dias lhe digo que não o posso amar mais, e todos os dias encontro mais amor em mim para ele." Anaïs Nin )

15 June 2007

Protect me from what I want



Quantas vezes a gente se vê vivendo mentiras, daquelas que é melhor fingir que não não se sabe do que encarar e acabar logo com elas? E quantas vezes elas não ficam martelando na nossa cabeça, lembrando que a sua felicidade momentânea é uma mentira também?

Não se pode indefinidamente esconder toda sujeira debaixo do tapete.

E eu só queria sair dessa espiral de mentiras, falsidades, decepções, medo, insegurança, pessoas erradas, tristeza.
É nadar até a praia e não ter mais forças para andar.

No fim não passamos de pedaços de carne expostos no açougue. As coisas, sentimentos, não valem nada, além da carne.



"Ouço o passar de mistérios e o respirar de monstros. Só acordes perfeitos e sussurros. O choque com a realidade obscurece-me a visão e submerge-me no sonho. Sinto a distância como uma ferida. A distância desenrola-se diante de mim como um tapete, posto antes dos degraus da catedral por casamento ou enterro.Desenrola-se como uma noiva vermelha entre os outros e eu, mas não consigo pisá-la sem um sentimento de desconforto como o que se tem nas cerimônias. A cerimônia de pisar o carpete desenrolado até o interior da catedral onde tem lugar os ritos a que sou estranha. Não caso nem morro. E a distância da multidão entre os outros e eu, não pára de aumentar."

30 May 2007

Brasília, 30 de maio de 2007.

Olá meu Amor;

Sim, hoje queria mandar uma carta para você. Não, dessa vez não será uma carta de amor, mas como é da minha índole, uma queixa velada que nunca irá ler.

É que isso tudo me lembra dos tempos onde eu, mesmo com braços ao meu redor, com sexo na minha cama, com lábios nos meus lábios, me sentia só, estava só. Parece quando Eu apenas não bastava. Podia até ser a número 1, mas não era a única. Onde as coisas machucavam fundo e eu calava por medo de perder, por não saber como explicar: "eu te amo, mas por favor não me joga fora como as camisinhas da noite passada, aquelas que você usou com as outras". Não sei se é isto que realmente está acontecendo, e se for é sutil, mas não dói menos por isso, ao contrário, mantém a dúvida.
Não sei o que está faltando, ou sobrando, ou inexistindo, ou sei lá o quê. Sei apenas do silêncio e dos "Está tudo bem, meu amor." que fico repetindo, que escuto você repetir.
Não deixa de ser rídiculo me sentir assim novamente, ainda mais agora que, teoricamente, estou mais madura, mais qualquer coisa que se ganha com muita porrada na cara, cicatrizes no peito e idade. É isso, me acho velha para passar por isso de novo, todo drama e toda dor. Me acho velha para questionar seu passado e perguntar o motivo de prometer mordidas para outras, sendo que eu já não as recebo mais. Ou de "tentar se manter na linha" porque sou namorada. Ora, não é porque você quer, ou melhor, porque me ama, porque apenas Eu basto?
Não entendo, e ainda por cima, acabo me sinto pequena perto desses fatos. Ficar repetindo que está feliz não significa nada, que ama muito menos. Não significa nada quando junto desses e outros pequenos detalhes. Não sei se dá para entender, nem se é para entender.
Não que eu acreditasse que tudo ia ser como lá no começo, todo fogo e toda calma. O fogo ainda permanece, não tão forte, mas permanece. A calma já foi, voltou, fugiu e hoje anda passeando por aí. Queria de volta. Lógico que queria, todos nossos orgasmos inadjetiváveis. Nossos olhares, horas deitados na cama apenas olhando nos olhos do outro. Eu gosto mais de mim quando me vejo refletida nos teus olhos. Sentindo o calor, sentindo os arrepios.
Isso não é para ser uma cobrança, um pretexto, um qualquer-coisa-do-tipo. Nem desabafo. Mas é que eu sempre calo, e hoje eu queria falar.

Beijos
da sua, hoje menos que ontem,
M.

29 May 2007

Às vezes acho que não nasci mesmo para isso, que essa parte aqui de dentro sempre se rebela. Ou que seja um carma. Coisas do tipo.
Às vezes acho que a Marcela vai morrer de nostalgia. Porque quando vive quer que passe, quando passa quer viver.

23 May 2007



Tenho medo da morte. Acho que nem tanto a minha, mas principalmente das pessoas que amo e estão perto de mim. Poucas vezes fui afetada por ela. Acho que de verdade nunca senti o que ela pode fazer comigo. Mas ainda assim morro de medo.

Antes era raro ver as pessoas ao meu redor morrer, eu era mais nova, as pessoas também, parece que os problemas eram menos mortais. Agora pelo menos uma vez por ano isso vem me incomodar. Vem me mostrar o quanto eu me importo com as pessoas, mesmo que distantes, mesmo que tenhamos nossas diferenças. O quanto é importante falar, conversar, explicar e deixar claro o quanto se gosta. Nomear, qualificar, quantificar o sentimento o quanto seja humanamente fazer isto.

Daqui pra frente isso deve piorar, eu acho. Tanto a freqüência quanto o medo. O sentimento de vazio e de arrependimento de ter se calado, deixar para depois.

Isso de morrer é muito injusto, deixa para trás apenas saudades e dor para quem fica. Ausência que não tem como reparar, colocar nada no lugar.

13 April 2007

Não queria isso. Ser ciumenta. Extremamente ciumenta e possessiva, por mais que eu lute contra isso, sou.
Não digo da maneira usual, com namorados e essas coisas. Mas com amigos e meus pais. Principalmente meu pai. Nunca tivemos uma relação muito boa, e me dói ver que ele é mais íntimo de pessoas que conheceu ontem do que de mim. Que ama pessoas estranhas mais do que a mim. Que nada que eu faça mude isso, que nada eu tenha compense. Sei lá, dói ver alguém que se ama com outras pessoas como ele nunca foi com você.

Tipo isso, só queria não me importar tanto.

29 March 2007

Mensagens cifradas à Alfa-Ômega

... em algum lugar existiu, e ainda existe, My Sweet Devil.

Posso falar? Às vezes lembro, e s vezes sinto saudade. Na verdade a saudade vem toda vez que lembro, porque das coisas ruins que aconteceram conosco, não guardei muita coisa. Só um restinho do veneno, como uma espécie de vacina.
Mas não era disso que eu queria falar.
Saudades, das coisas boas.
Das nossas fotos sinceras. Temos poucas fotos juntos, mas em quase todas eu estava verdadeiramente feliz.
Saudades.Do modo como lembro da gente, se atacando para se defender. Caçando um ao outro, selvageria. O Lobo e a Raposa. Nossos pesadelos acordados, nossas mãos dadas pela noite.
Lembro e sinto falta, era puro mesmo quando corrompido.
Não que sinto falta no sentido de querer novamente, mas do modo como deixamos. Ali, assassinado, sangrando, até se esgotar.

Posso falar? Resumindo tudo posso dizer: foi bom. Nossas indas e vindas, os meus, os seus e os nossos pecados, nossas pervesões, pervesidades. Mas não aquela sensação do meu coração nos seus dentes, sendo estraçalhado cada vez que outros lábios, outros sexos você provava. De como um "te amo" era sofrido de falar, escutar. De como nunca haviam braços para me abraçar, e assim tive que aprender a me esquentar só. Do vazio, da espera, do nunca. "Não posso, não quero, não sinto, não toque, não coma." Sempre. As mentiras, penitências, transgressões, agressões físicas.
Disso tudo só ficou o aprendizado.

Acho que ainda deve existir na sua pele as marcas que deixei, de maldade, para provar para todas suas outras putas que, mesmo não permanecendo, estive ali. Sim, era por prazer, mas principalmente por orgulho e crueldade que eu marcava suas costas, seu peito, suas coxas.
Ainda tenho as suas marcas na minha pele, e tenho certeza que foram feitas com o mesmo intuito.

Os olhos. Negros, muito muito muito negros, o que eu amava incondicionalmente em você eram seus olhos, que se mantinham puros, que escondiam o garoto que eu amava. Sim, eu te amei, mais do que a mim mesma. Mas foi aquele garoto que temia quem mais amei. Medo de se machucar, se entregar. Foi esse garoto que fez eu me jogar do abismo, atravessar sua escuridão, enfrentar seus demônios, me entregar. Não o homem que queria me mudar, manipular para suas vontades.
Você.

Ainda tenho suas palavras guardadas. Aquelas em guardanapos dos bares que frequentavamos, que se referiam às minhas coxas brancas, aos meus olhos verdes, ao meu amor cego e burro. Sim.
Por que? Porque essas coisas não são levadas com as águas do tempo. Lhe avisei que seria para sempre.
"Por mais que a vida seja complexa em alguns momentos somos apenas animais que procuram sua caça, mas não se sabe quem é o caçador ou a caça. Mas na verdade todos somos caça e caçador, dominamos e somos dominados, pelos nossos instintos animais.
Ainda morderei como o lobo que sou, como um demônio que tento me tornar, como o garoto triste que você vê, como o nada que você procura, como a dor e calor da presa quando é esquartejada para alimentar seu ímpetuo de morte. "


Mas sabe, Não há fim, Não há início. Há apenas a infinita paixão da vida.
Por isso, às vezes, eu lembro. E, às vezes, sinto saudades.





(um dia você falou: "grite para todos os deuses dos ventos , que eu não estarei lá para escutar." My devil, eu sempre fiz isso, e sempre farei, e não quero mais saber de raiva, ódio, ou mágoa, agora viu cristal.)

17 March 2007

Sensação terrível, e nem gostaria de nomeá-la, sob o risco de torná-la ainda mais palpável, real.
Silêncio velado, gritos mudos, a boca seca. Sede.
Entregaria o leme da minha vida nas suas mãos. Cansei de tentar manter algo que pareça coerente, em linha reta.
Quero bater contra a parede e sentir a sensação do sangue escorrendo até os lábios; metálico e salgado.
Cheiro de flores no meu pescoço, cheiro de polvóra nos meus dedos, hálito de enxofre. Ácido, básico, neutro. Deslizando.
Puxando a cadeira, fazendo sexo, dançando no palco, beijando bocas, estraçalhando corações: parece já um século.
Menos é menos, que multiplicando pode se tornar mais de algum modo que não lembro como. Devoro.
Furem meus tímpanos, estuprem meu gosto, eu gosto de selvageria.
Rasgo sua camisa vermelha, rasgo sua pele branca até se tornar vermelha. Pronto, para que uma camisa?
Coloco fogo no seu jeans predileto usando seu perfume. Quase posso vê-lo queimando, você dentro.
Morda minhas coxas até sangrar, deixe marcas roxas por todo meu corpo: heis meu troféu.
Sorria, eu só estou na beira da loucura, ainda não cheguei lá...

06 March 2007

A última carta para alguém distante


Olá querido, quanto tempo, saudades;

As coisas andam se movimentando. Mas acabei voltando para um pedaço do passado onde encontrei sua lembrança. Sempre se sabe quando na verdade as coisas na vida não são para dar certo. Ou certas coisas. Mas queria imensamente que dessem. Ver essas coisas se degradando aos poucos sem poder fazer muita coisa - o que fazer em caso de mortes prematuras, onde já se sabia o que iria acontecer?

Morreu, há tempos. Na verdade nem deveria ter nascido, não como nasceu: prematura e orfã, coitada. Lembro dela roxa na incubadora, e das minhas esperança que dessa vez, talvez, não morresse; porque isso sempre dói demais. Lembro do seu descaso e das poucas vezes que você se atreveu a olhar para ela: aquela paixão frágil, que tentei proteger na palma das minhas mãos, o medo estampado nos teus olhos.

Não há motivos, mas há a vontade. De chorar, ser consolada. Não há ombros, não existem mãos estendidas. Mas disso também já deveria saber, se acostumar. De tantos ferimentos ainda há espaço para mais alguns. Cicatrizes que endurecem o coração, que já parece uma colcha velha de retalhos que ninguém mais quer, nem os necessitados. Pensei em comprar um novo, daqueles de plástico, transparentes, última geração, frios. Talvez com um desses da próxima vez ninguém consiga se aproximar o bastante para que dali nasça alguma coisa nati-morta.

Sim querido, depois de ti houveram outros, há ainda. Sim querido, continua machucando. Sim, continua sangrando. Sempre. Mesmo de longe você me conhece o bastante para saber dessa minha habilidade de escolher a dedo as melhores formas e os piores conteúdos; as melhores palavras e as piores intenções. Oh sim, continuo afundanda no drama, na inconsistência, nas esperanças, nos sonhos não-compartilhados, no medo, medo, medo. Sim meu eterno, nada mudou depois de ti, apenas você mesmo.

Posso falar a verdade agora? Nada é como falei. Ainda sou dada a esses pequenos desvios da verdade, para depois entregar minhas mentiras em busca de uma punição que julgo necessária. Ainda continuo sendo a pecadora que se apaixonou pelas penitências, e que sempre peca para ser castigada. As coisas mudaram, você já desbotou de mim, de dentro de mim e agora permanece latente. Agora há algo muito mais forte e denso. Uma paixão na incubadora lutando para não morrer também, e dessa vez gostaria tanto que não morresse... Mas que igualmente machuca e magoa, pisa e destrata, para depois cuidar e se desculpar. Mode e assopra. Estamos na UTI, mas ela continua a se debater, a gritar e depois calar. Entra em frênesi, depois volta ao coma. Melhora, dá uma volta lá fora e decaí.
Sim, nesse teatro em que você saiu de cena mudaram os personagens, mas nunca o enredo.

Beijos, cuide-se, agasalhe-se. O inverno pode estar acabando, mas o frio vem de dentro.
Saudades, mas não apareça mais.

Da não mais sua,
Marian.

15 February 2007

Dessas coisas que não se explicam. Dessas coisas que não tem porquê.
Dessas coisas inerentes à condição atual. Não pode existir melancolia em meio à felicidade?
Ou total insegurança à estabilidade?
Bobeira. Ou talvez não.
Cada vez mais parece não ser. Mas não se pode falar, pois tudo parecer estar sempre distorcido. Já não se sabe o que o que é realidade, o que deixa de ser, o que foi.

14 February 2007

"Ela sempre enfurecia-se sozinha, irritava-se sozinha, suportava sozinha suas intensas convulsões emocionais, das quais ele nunca participava." Anaïs Nin
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Poucos são aqueles que controlam a situação. A consciência se distância do corpo e ruma às estrelas. Tornamo-nos marinheiros que acreditam no canto das sereias. Somos tão bobos e iludidos, vendidos e prostituídos por nossas idéias de certo e errado que não nos damos o trabalho de expor as questões que emergem do outro lado. Não mergulhamos para não nos sufocarmos. Somos ressonância em um mar de silêncio e ignorância.

Às vezes é bom sentir dor para nos sentirmos humanos. Buscamos ser imortais. Mas nos esquecemos de que o mundo é das químicas letais. Guardamos na gaveta mais profunda a violência e brutalidade que fez com que chegassemos aqui. Somos animais que temem reagir. Deixamo-nos ferir. Suportamos e, por dentro, desejamos explodir. A punição vai segurando as rédeas. Estamos com os ouvidos sempre arredidos. A moral vai levemente regrando. E nos lembramos que não há e nunca houve moral... Nos olhos, um pouco de medo do caos. Porem, é ele que controla estes dias. É preciso saber onde focar toda essa ira. Uma só bala pode matar a rainha. Talvez seja a hora certa para a queda de mais uma dinastia. O tão esperado tombo da bailarina.

Cobiçamos, mas tememos assumir o poder. Cante por aquilo que nunca irá ver, trancafiado em um corpo deformado, por suas atitudes rudes. Sente em uma cadeira e perceba que não há o que observar, toda vez que tenta desviar o olhar...
Qual o seu motivo, para desviá-lo?

O que você tem de medo, é exatamente o que vai ter de dor.

Sinta ao amanhecer o torpor. Perceba que não há ninguém ao seu redor. Despeça-se deste tom de pele. Revele.

12 February 2007

Como eu dizia, um dragão jamais pertence a nem mora com alguém. Seja uma pessoa banal igual a mim, seja um unicórnio, salamandra, elfo, sereia ou ogro. Eles não dividem seus hábitos. Ninguém é capaz de compreender um dragão. Quem poderia compreender, por exemplo, que logo ao despertar (e isso pode acontecer em qualquer horário, já que o dia e a noite deles acontecem para dentro) sempre batem a cauda três vezes, como se estivessem furiosos, soltando fogo pelas ventas e carbonizando qualquer coisa próxima num raio de mais de cinco metros? Hoje, pondero: talvez seja a sua maneira desajeitada de dizer: que seja doce.

06 February 2007

Os olhos perdidos na extensão pálida da pele, fina e frágil, quente, parecendo quase se desprender do corpo nu. Caminhando com as pontas dos dedos, aprendendo seus caminhos, os lugares secretos que faziam estremecer-se, se contorcer, gemer tão levemente que em seus corpos todos os pêlos eriçavam-se, uma súplica de paixão não-verbal. Desfrutavam desse prazer todas as noites e isso lhes tomava todo seu tempo, preenchia todos seus dias.

De olhos fechados respiravam seus aromas, e em meio a uma multidão poderiam reconhecer suas mútuas presenças, como um enorme ímã que levava seus pés ao encontro um do outro. Aspiravam seus corpos, seus cabelos, o ar quente que emanavam. Podiam sentir suas almas em suas bocas em beijos doces, inefáveis, selvagens. Os contornos eram tão claros que os cegavam, eles era uma orquestra de gostos e sensações, sinestésicos, anestésia geral. Aqueles corpos fléxiveis que se abriam ao prazer, que se atiravam um no outro sem medos. Sabiam que haviam achado seu refúgio, ali, quando um se via nos olhos do outro. Tudo parecia ter lógica.

A paz só era conhecida quando descansavam em seus peitos, libertos do resto do mundo, da vida. Tudo excitava o desejo, e a distância pontencializava loucura. A sombra que um deixavam no outro era visível a olhos nu, causando desconforto em quem reconhecia a felicidade tão explícita, em estado bruto.

E distante ela adormece extenuada, em sono ele lhe acorda com beijos. Por isso nunca soube quanto tempo havia passado, mas sabia da chegada.

29 January 2007

Chegou

Encontre um homem que te chαme de lindα ao invés de gostosα.
Que te ligue de voltα quαndo você desligαr nα cαrα dele.
Que deite embαixo dαs estrelαs e escute αs bαtidαs do seu corαção.
Que permαneçα αcordαdo só pαrα observαr você dormir.

Espere pelo homem que te beije nα testα.
Que queirα te mostrαr pαrα todo mundo mesmo quαndo você estα zuαndo.
Um homem que segure suα mão na frente dos αmigos dele.
Que te αche α mulher mαis bonitα do mundo mesmo quαndo você estα sem nenhumα mαquiαgem e que insistα em te segurαr pelα cinturα.

Aquele que te lembrα constαntemente o quαnto ele se preocupα com você e o quanto sortudo ele é por estαr αo seu lαdo.
Espere por αquele que esperαrα por você....
Aquele que vire pαrα o mundo e digα: É elα!!!

(posso dizer: É ele.)

25 January 2007

“Sim, eu sou a mulher de todos os contos. A face que sempre se colhe na face da história: eu Helena, tendo Páris pelos lábios, golpeei Heitor na cabeça; eu Créssida, beijei a boca dos homens de tal maneira que eles adoeceram ou enlouqueceram, ferindo-lhes no cérebro; eu Genebra, usei meus olhos preciosos de rainha e meus delicados cabelos de ouro suave para envolvê-los, e a minha boca melada dei a Lancelote...”

11 January 2007

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Voltando a ficar de bem. Comigo e com o resto.
Mas não por motivos óbvios, mas por motivos mais sensíveis.
Posso falar sem sombra de dúvida que depois de um bom tempo, agora, meu sorriso voltou a ser mais verdadeiro, sem sombra de medo ou nada, sem me forçar a fazê-lo nascer.

Contradições que são bem vindas.
Surpresas também.


"Der Wahnsinn
ist nur eine schmale Brücke
die Ufer sind Vernunft und Trieb
ich steig dir nach
das Sonnenlicht den Geist verwirrt
ein blindes Kind das vorwärts kriecht
weil es seine Mutter riecht

Ich finde dich

Die Spur ist frisch und auf die Brücke
tropft dein Schweiss dein warmes Blut
ich seh dich nicht
ich riech dich nur Ich spüre Dich
ein Raubtier das vor Hunger schreit
wittere ich dich meilenweit

Du riechst so gut
du riechst so gut
ich geh dir hinterher
du riechst so gut
ich finde dich
- so gut
ich steig dir nach
du riechst so gut
gleich hab ich dich

Jetzt hab ich dich

Ich warte bis es dunkel ist
dann fass ich an die nasse Haut
verrat mich nicht
oh siehst du nicht die Brücke brennt
hör auf zu schreien und wehre dich nicht
weil sie sonst auseinander bricht

Du riechst so gut
du riechst so gut
ich geh dir hinterher
du riechst so gut
ich finde dich
- so gut
ich steig dir nach
du riechst so gut
gleich hab ich dich

Du riechst so gut
du riechst so gut
ich geh dir hinterher
du riechst so gut
ich finde Dich
- so gut
ich fass dich an
du riechst so gut
jetzt hab ich dich

Du riechst so gut
du riechst so gut
ich geh dir hinterher"

Rammstein | Du Riechst So Gut

08 January 2007

If only tonight we could sleep

Queria apenas não ser. Apenas sentir. É tão mais fácil, simples, melhor.
Se ao menos eu pudesse explicar...



If only tonight we could sleep
In a bed made of flowers
If only tonight we could fall
In a deathless spell

If only tonight we could slide
Into deep black water
And breathe
And breathe...

Then an angel would come
With burning eyes like stars
And bury us deepIn his velvet arms

And the rain would cry
As our faces slipped away
And the rain would cry

Don't let it end...

05 January 2007

Eu queria gritar as verdades que falo, mas estou tão contida nessa minha insanidade que nem me importo com verdades.
Isto não é o que você pensa que é.
Olhe além e me veja nua sendo apedrejada pelos pecados que nem cometi.
Não é como uma sensação, algo em chamas nas vicéras.
É algo que me enlouquece e acalma essa fera selvagem dentro de mim...
Nesse mundo bizarro onde tudo é ao contrário do que deveria, onde amor verdadeiro é tão barato que se vende em qualquer esquina, e não se tem outro ópio para salvar a alma dessa perdição não entendo e nem confio em nada além do músculo que arrebenta em estilhaços de carne em meu peito.
Eu sei que existem coiotes e anjos que me queiram, mas sempre fui a pecadorazinha que se apaixonou pelas penitências, e sempre peca para tê-las.
Talvez desse vez eu possa ficar quieta moldando o infinito e levando a vida em frente, para o fundo do seu abismo.
O amor é um vício e nós poderíamos alimentar um ao outro, mas você não quis por sempre querer.
Pude ver isto na lacuna da sua íris, nos buracos vázios do seu corpo.
Mas você é tão bom para isso tudo, lava tuas mãos com meu sangue, tira e põe a coroa de espinhos em mim com a mesma freqüência que me olha nos olhos.
Mergulha nos meus olhos!
Não vira o rosto, circula no meu corpo e entra novamente pelo outro lado, nem tudo pára no mesmo lugar.
Eu não me vendo mais, tenho meus filhotes para cuidar assim que tudo voltar ao seu lugar.
Eu quero algo que perdi há muito tempo atrás e que os ladrões venderam para você.
Estou tão entediada quanto uma morta esquecida.
Eu só queria vomitar alguma coisa bonita para você não me questionar.
Sabia que ainda há vontade em algum lugar.
Sangre os seus pecados.
Vamos esquecer o mundo ao nosso redor de novo e vamos nos tornar um só outra vez como nunca fomos.

Para mim sequer começou mesmo, ainda havia muito pela frente, sempre há...

01 January 2007

sabe o que é?
terminou de terminar o ano mais foda de toda minha vida, em todos sentidos.
e eu sentada na frente do computador...

30 December 2006

what can I do?
cry.

29 December 2006

espero que nunca me entenda, porque se compreenderes estarás tão desesperado quanto eu

advérbio de intensidade terminado em mente

Devia ser umas onze horas. Ligou o chuveiro e tirou a roupa bem devagar para que a água tivesse tempo de esquentar. Entrou de uma só vez viu a tinta vermelha dos seus cabelos escorrendo ainda, pelo corpo. O mundo é mesmo uma merda. Ela não queria tomar banho, só ficar ali. Sentou no chão e a água começou a bater absurdamente quente nos seus joelhos, deixando-os vermelhos. Masoquista. Como as músicas que ouvia para ficar mais triste. Como roer as unhas até sair sangue. Unhas. Gostava delas carmim como estavam porque parecia mais puta, logo mais despudorada e confiante e moderna e confiante e feliz. As putas deviam ser felizes. Desespero. Procurou algum resquício de ilusão. Gostava de se iludir, de sentir-se falsamente protegida por alguém que pouco se importava com a sua existência. Existência. Se tivesse uma banheira, cortaria os pulsos e morreria afogada na água vermelha, como naquele filme. Então começou a rir sem controle, porque na película (filmes ficam mais bonitos se chamados de películas) a menina suicidava-se ao som de alguma coisa da mariah carey. Ou seria whitney huston? Estúpido, not for her. Ela queria morrer com estilo. Trilha sonora para sua morte poética? Edith piaf. Então pensou nas manchetes dos jornais baratos: jovem desiludida corta os pulsos em uma banheira ouvindo edith piaf. Precisava de um papel para escrever um bilhete para alguém. E não podia ser um bilhete qualquer, mas sim, um como aquele do almodóvar: 'espero que nunca me entenda, porque se compreenderes estarás tão desesperado quanto eu'. Alguma coisa assim, não lembrava direito. E tinha aquela cena com vinil, ne me quite pas e uma frase qualquer bonita. Seus joelhos estavam ardendo. Desligou o chuveiro e saiu. Não tinha uma banheira.

24 December 2006

queria saber o que falta pra preencher, porque sempre me sinto assim. só.
mesmo do lado de quem amo, confio. talvea amor, ao contrário do que acredito, nao valha lá muita coisa.
o que aconteceu com a maldita believer que fui?

Vento No Litoral - Legião Urbana

De tarde quero descansar, chegar até a praia e ver
Se o vento ainda está forte
E vai ser bom subir nas pedras
Sei que faço isso pra esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando tudo embora

Agora está tão longe
Vê, a linha do horizonte me distrai:
Dos nossos planos é que tenho mais saudade,
Quando olhávamos juntos na mesma direção


Aonde está você agora
Além de aqui dentro de mim?


Agimos certo sem querer
Foi só o tempo que errou
Vai ser difícil sem você
Porque você está comigo o tempo todo


Quando vejo o mar
Existe algo que diz:
- A vida continua e se entregar é uma bobagem

Já que você não está aqui,
O que posso fazer é cuidar de mim
Quero ser feliz ao menos
Lembra que o plano era ficarmos bem?

- Ei, olha só o que eu achei: cavalos-marinhos
Sei que faço isso pra esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando tudo embora

23 December 2006

acho que realmente prefiro anônimos à abertos.
ou melhor, saber porque tem problemas com alguém que não procura.
só eu sei da minha vida, e no máximo duas pessoas podem me julgar. PORQUE ME CONHECEM. o resto, rá. NEM FODENDO.
lógico, me sinto mal quando alguém que só sabe de metade de histórias me acusam. "você sabe porquê". o caralho. eu sei, vocês não. deu pra entender?!
sei o que aconteceu, o motivo e porque fiz o que fiz, então nem tente julgar, ao menos sem antes TENTAR saber o que realmente possa ter acontecido.
outra, odeio falsidade.

19 December 2006

As cartas acabaram aos poucos, talvez porque eu já tenha falado tudo o que precisava, e queria. Desistido. Antes já não valia a pena tentar, agora então... Tentar, o que? Não sei, atingir.
O ponto é que nunca acabou, só as tentativas. Mas continua aqui. Não tudo, nem quase, mas algo. E é verdade que sempre volta, mesmo sem nunca ter ido.
A verdade continua sendo uma melancolia inerente, indiferente.

23 October 2006

09 October 2006

Porque você se foi. E não adiantou dizer que não, eu sei que nunca mais nos veremos.
E mesmo que não haja mais motivos, e mesmo sem nunca terem existido, senti como se tivessem extirpando uma parte de mim, um câncer, a dor que me acostumei a sentir.
Um dia você me viu chorar, me abraçou, me deu um beijo e insistiu em dizer "tchau" quando eu tinha tanto medo de te perder, porque nunca tive. Agora é simplesmente nunca mais, e adeus.


- Are you as bored by that crowd as I am?

- I didn't come here for the party. I came here for you. I've watched you for days. You're everything a man could ever want. It's not just your face, your figure, or your voice. It's your eyes. All the things I see in your eyes.

- What is it you see in my eyes?

- I see a crazy calm. You're sick of running. You're ready to face what you have to face. But you don't want to face it alone.

-No. I don't want to face it alone.

The wind rises electric.
She's soft and warm and almost weightless. Her perfume a sweet promise that brings tears to my eyes.
I tell her that everything will be all right. That I'll save her from whatever she's scared of and take her far, far away.
I tell her I love her.

The silencer makes a whisper of the gunshot.
I hold her close until she's gone.

I'll never know what she was running from.

15 September 2006

Carta nº 1 para alguém bem perto

Olá;

O que você quer que eu faça? Ou melhor, o que eu realmente estou fazendo? Fui compelida a me perguntar isso a mim mesma, porque sinceramente não sei. Não é bem uma reclamação, mas o fato é que não me sinto feliz como deveria, ou achava que iria ser. Não estou feliz aqui, assim como não estava lá. Sei que fui eu quem escolhi isso. Largar tudo de uma hora para outra, uma vida confortável e previsível (acho que isso me deixava infeliz lá), deixar amigos, família, casa, camputador, conforto, emprego, mimos. Talvez por puro capricho, ou na esperança de algo fabuloso, o que não aconteceu. Nunca me sinto bem por muito tempo quando alcanço o que desejo, parece que perde a graça rápido demais. Tem a euforia inicial e depois fico assim, suspensa, esperando a próxima loucura, desejo, passo. Pareço uma garota mimada, mas luto bastante para ter o que quero, então mimada é algo que nunca fui. De certo modo as coisas são até fáceis. Mas não quero que pense que sou fútil, mimada, talvez voluntariosa, mas por favor, não tenha uma má impressão de mim, até porque agora seria errônea. Queria que talvez conhecesse o que tenho de melhor. Aquelas qualidades que ninguém consegue ver na superfície, salvo uma ou duas pessoas muito especiais, e que agora estão também longe demais. A maioria só enxerga o que há de mais superficial, duvidoso, estudado e maestrado, socialmente adquirido para sobrevivência. Até porque me cansei de mostrar minhas perólas aos porcos. Mas queria que você pudesse ver além, que quisesse isso. Aquela coisa especial que deixei no fundo e tive vontade de te mostrar, mas não pude.
Nem sei seu nome. Não quero me apegar a tolices como essas ou sobrenomes, datas, roteiros pré-fabricados e falas decoradas. O teatro da vida real me cansa, e é muito menos glamuroso do que nos palcos, sob as luzes e olhares da platéia. E nem posso também dizer que te conheço. Mas é assim, sou impulsiva, achei que valeria a pena tentar falar algo para alguém que possa querer escutar. Ou não.
Parece até literatura, de certo modo é. Mas é lindo assim. E de verdade, pelo menos. É isso, quero que me veja como sou, mesmo sendo uma borderline prolixa verborrágica. E que talvez até goste disso, porque também ache que ser normal é a coisa mais irritante do mundo, e sem graça. Talvez porque você também seja assim, ou não, sei lá.
Cafona né? Mas é assim, meio intrísico, metafísico, loucurinhas.

Acho que era isso apenas.

Beijos

Marian.

12 September 2006

*suspiro*
não tem muito o que falar, agora é esperar...
*suspiro*







The truth is so boring
We all had each other
My instinct for failure
It's always been good to you
We all had each other
No-one is left to believe
The truth is so boring
Our names do not appear
The answer may be known for years
What friends are not suppose to tell
Everything happens
No-one was wrong

30 August 2006

30 agosto 2006
Tudo é muito grandioso para caber em simples fatos cotidianos, e por isso não é de admirar-se o descontrole sofrido nesses assuntos que normalmente estariam sob controle. Agora será melhor passar por alto dessa bagunça toda.

Sabe, o Quiroga conseguiu sintetizar tudo.
Que coisa!

16 August 2006

Estou a meio metro do chão, borboletas azuis no estômago.
Ah, há quanto tempo ninguém me deixava assim.

Ele veio da única maneira que eu não esperava, na única noite que eu não esperava, quando eu não o esperava. Ele veio.
Furacão.
Tirou tudo da ordem que eu tentava estabelecer para mim mesma.
Eu estava cansada de mornidão, de coisas requentadas, regurgitadas, vomitadas, desculpas veladas que não valem as palavras ditas. Ele veio, apareceu, de algum lugar dentro dos meus sonhos.
Não precisou de nada, e eu já tinha me atirado do abismo daqueles olhos sem olhar para baixo. Porque esqueci quantas vezes já morri me jogando de outros abismos.

Paixão, daquelas que te pegam pelo colarinho, te cala com um beijo e te deixa marcas no pescoço.
Paixão é um abismo.
Você se joga achando que vai aprender a voar antes de se esborrachar no chão, junto ao pó e aos cacos de si próprio. Eu me joguei, novamente.

Medo.
Porque dessa vez não quero que larguem minha mão e me deixem cair, sozinha, de novo. Ele me olhou sem saber.
Ele.
Medo.
Pavor.
Pânico.
Ninguém nunca se entregou assim. Todos são sempre uns covardes filhinhos da mamãe, que morrem de medo de se machucar, de se entregar. Nunca ninguém se entregou pra mim que nem eu.

Só pode ser sonho.
Mas não vou fugir, eu nunca fujo dos meus sonhos.

Sei me entregar, largar tudo e somente ir, ser levada. Mas não sei o que fazer, agora. Não sei como lidar com tudo isso, ou talvez seja mais uma miragem, é a distância. Não sei.

Ele apareceu, ele veio, ele está aqui, parece que já nasceu incrustado na minha carne, tatuado na minha alma.
É tudo o que eu poderia querer.
Tudo, tudo, tudo.

Talvez sonhos se tornem reais.

Ele. Ele. E SÓ ele...



Poem For A Nuclear Romance

What will it matter then
When the sky's not blue but blazing red
The fact that I simply love you
When all our dreams lay deformed and dead
We'll be two radioactive dancers
Spinning in different directions
And my love for you will be reduced to powder
The screams will perform louder and louder
Your marble flesh will soon be raw and burning
And kissing will reduce my lips to a pulp
Hideous creatures will return from the underground
And the fact that I love you
Will die
You don't have to sleep to see mightmares
Just hold me close
Then closer still
And you'll feel the probabilities
Pulling us apart

11 August 2006

Achei esse "questionário" no primeiro post do meu segundo blog, isso foi em julho de 2003.
Então se você não tem nada para fazer... as primeiras respostas são de 2003, e as entre parenteses de 2003.

Prepare-se para algo insuportável

VOCÊ:
Aniversário: 19 de março.
Signo: peixes.
Onde nasceu: Brasília.
(isso não mudou, ainda)

CARACTERÍSTICAS FÍSICAS:
Cor atual do cabelo: tetracolor, variando do castanho claro pro vermelho, mas em breve estará rosa.
(castanho claro e preto desbotado avermelhado nas pontas)

Como é seu cabelo: um camaleão.
(sem corte, nos ombros na frente e curtinho atrás)

Cor dos olhos: verdes [??] amarelados.
(isso também ainda continua igual)

Usa boné: nops.
(nem fodendo)

Usa óculos de grau: tenho 5 graus de miopia, usei óculos por 10 anos e agora uso lentes.
(NÃO, fiz cirurgia...)

Usa óculos escuros: sim, de grau a lá John Lennon.
(sim, enormes e com jeito de óculos de perua pobre)

Usa aparelho nos dentes: usava.
(não)

Usa brinco: uns 5 na esquerda e um na direita, mas esses números são expandiveis.
(sim, 4 furos em cada orelha)

Tem tatuagens: AINDA não.
(AINDA não)

Tem piercing: na língua e pretendo fazer mais uns 5.
(na língua, orelha, nostril, mamilos e pretendo fazer mais uns 7, isso vicia)

Cor da Pele: branca encardida.
(ainda continua)

Altura: uns 1,63 m.
(acho que agora devo medir uns 12 cm...)

Estilo de roupa que usa: pretas.
(sei lá, as que eu olhar e não me achar gorda ou bizarra)


CORAÇÃO:

Tem mágoas: toneladas.
(não tantas mais, quase todas superadas)

Está amando: erh... estou.
(pra caralho!)

Está apaixonado: lógico.
(essa minha cara de boba responde tudo...)

Está a fim de alguém: humrum.
(de acordo com o ditado popular, estou com os quatro pneus arriados...)

Tem um melhor amigo: tenhos meus soulbrothers.
(tenho os melhores amigos do mundo!! os soulbrothers continuaram, e adicionamos mais namoridas, garotas, garotos, liões e uma infinidade de fauna e flora)

A quem você pede conselhos: não costumo pedir, mas escuto muito meus soulbrothers.
(escuto muito o Erik)

Quem sabe todos seus segredos: isso é segredo.
(Ninguém sabe, nem eu, porque esqueci)

Com quem você chora: o travesseiro e meu ursinho pimpão.
(Erik, Sarah)


VIDA:

Seus pais ainda estão juntos: não, sim, não, sim. depende do ponto de vista.
(não, eles se separaram)

Irmãos/idade: uma acefala de 17 anos.
(uma de 21 anos)

Na escola/Graduado: quinto semestre de jornalismo.
(bacharelado em Comunicação Social, Jornalismo, e cursando Artes Gráficas)

Aluga, mora com alguém ou tem sua própria casa: moro com minha mãe.
(em Brasília com a minha mãe, em São Paulo divido apartamento com três meninos que também vieram de fora estudar)

Cachorros/Gatos: só meu falecido Cherdon.
(o Cherdon vai ser sempre o dono do meu coração)

Você trabalha: sou escravizada por meu pai, mas emprego de verdade ainda tou procurando.
(só estudo, por enquanto)


UM OU OUTRO:
Preto/Branco: preto.
(idem)

Vermelho/Azul: vermelho sangue.
(idem)

Rosas/Margaridas: rosas negras.
(rosas, mas esqueça as negras)

Cerveja/Licor: cerveja sem pensar duas vezes!
(os dois, misturados de preferencia, alternando)

Cabelo Longo/Curto: curto para mulheres e longos para homens.
(continuo achando o mesmo)

Botas/Sapatos: coturnos.
(botas, cortunos e amo scarpins e salto alto em geral, odeio sandálias)

Comida Mexicana/Italiana: japonesa.
(japonesa e chinesa)

Luz/Sombra: sombra com fiascos de luz.
(meia luz)

Dia/Noite: noite.
(idem)

Mochila/Bolsa: bolsa com cara de mochila.
(bolsa com tamanho de mochila)

Cedo/Tarde: tarde.
(idem)

Adiantado/pontual/atrasado: atrasada pra mim e pontual pros outros.
(sempre atrasada, enrolada)

Cidade/Campo: cidade e praia.
(depende, campo para passear, cidade para morar)

Praia/Montanha: praia deserta e montanha com lareira e cobertor de orelha.
(praia)


FAVORITOS:
Veículo: ônibus mas prefiro uma Pajero.
(sei lá, utilitários e importados em geral)

Flor: rosas.
(orquídeas)

Shampoo: da L'oreal.
(gosto do nutri gloss)

Sabonete: algum com cheiro de bebê.
(protex)

Perfume para você: far away.
(glamour, mas ainda adoro o far away)

Cerveja: boehmia.
(Heineken)

Refrigerante: Coca-Cola.
(Guaraná)

Comida: sushi e sashimi.
(sushi/sashimi/frango ao molho de gengibre/camarão/medalhão à piamontesa)

Livro: A mulher que escreveu a bíblia, pergunte ao pó, lolita, on the road...
(Pergunte ao Pó, for ever)

Série: Friends.
(Carnivale)

Artista: Trent Reznor.
(sei lá)

Música: o meu amor do chico buarque.
(Flowers, Emile Simon)

Filme: Doce Novembro.
(Tantos, mas taaantos filmes, gosto dos do Burton)

Ator: Sei lá...
(Johnny Depp)

Atriz: Ah, aquela que fez Pecado Original... ah... esqueci o nome dela. A da boca carnuda...
(Angelina Jolie)

Personagem de desenho: Docinho das MSP
(Gir, do Invader Zim)


NA REAL VOCÊ...
É psicótico: talvez, você acha?
(completamente)

Muda de personalidade: só de pele.
(só na TPM)

É esquizofrêncio: sim, eu e ela.
(talvez, ainda não sabemos)

É obsessivo: muito.
(imensamente)

É oompulsivo: ih... demais.
(horrores)

Sofre de pânico: sim.
(sim, formigas me deixam em pânico)

É ansioso: demais.
(até não aguentar)

É depressivo: melhor nem comentar.
(só em São Paulo)

É suicida: talvez.
(não)

É ciumento: um pouco.
(estou ficando)


VOCÊ JÁ...
Beijou: o quê???????????
(ainda não beijei minhas costas)

Traiu: é, né?
(sim)

Manteve um segredo para todos: até hoje.
(sim)

Teve um amigo imaginário: tive não, tenho.
(vários)

Ficou mais de 5 horas com alguém no telefone: várias vezes.
(vish, só cinco horas?)

Viu uma briga de verdade: milhares de vezes.
(sim)

Esteve em cima do palco: e cai.
(sim)

Chorou até perder as forças: é o que tenho feito sempre ultimamente.
(inúmeras vezes)

Se apaixonou por um(a) professor(a): já, um de ciências.
(não)

Se sentiu atraído por um desenho: vários.
(já)

Assistiu "Punk, A Levada da Breca": Ei, EU sou a Punk!!
(¬¬)

Aprontou algo com alguém: já.
(já)

Esteve em um acidente de carro: umas três vezes.
(ainda mas mesmas três vezes)

Roubou algo: chiclete, balinha e chocolate [só pra alimentar o vício].
(corações)

Fumou cigarro: alguns...
(milhares)

Fumou maconha: uma única vez pra nunca mais.
(parei na primeira e única vez)

Bebeu: de vez em sempre...
(água?)

Ficou tão bêbado que nem lembrava o nome: não.
(não)

Mentiu pra alguém: tô mentindo pra você.
(sempre)


ÚLTIMA VEZ QUE...

Falou ao telefone/com quem: Hoje, com alguém.
(Meu Bb Leão)

Abraçou alguém: não hoje.
(sim, minha mãe)

Beijou de língua: isso faz muuuito tempo.
(hoje de madrugada, meu Bb Leão)

Se apaixonou: há dois segundos pela mesma pessoa.
(hmmm, mais ou menos um mês)

Beijou até perder os sentidos: quase.
(sim)

Foi ao cinema: não lembro, mas foi quando vi matrix reloaded.
(Umas 3 semanas, ver Superman, o Retorno)

Saiu pra caminhar: meia hora da parada pra faculdade.
(uma hora)

Escreveu uma carta (e pra quem foi): ontem a noite pra ele.
(não lembro, mas não faz muito tempo)

Jogou verdade ou desafio: não lembro.
(sei lá)


PREFERÊNCIAS:
A pessoa ideal fisicamente (estilo): ele.
(alto, magro, lânguido, olhos e cabelos escuros, nariz grande e fino, lábios carnudos, pele branquinha, cabelo caindo no rosto meio sem corte, sem pêlos no corpo, sombrancelhas fartas e marcantes, rosto fino, mãos com dedos longos e finos e macios e ágeis, e com um estilo próprio bem forte e original)

A pessoa ideal psicologicamente: a coisa.
(calmo, compreensivo, carinhoso, corajoso, companheiro, que compreenda meus surtos, que tenha alguns também, que seja um pouco obsessivo como eu, que goste das mesmas coisas, e mais algumas, que me respeite e respeite as coisas ao redor, os sentimentos e tudo o mais)

O lugar ideal: praia deserta.
(onde poder, desde que seja com vontade)

O clima ideal: calor.
(aquele do ínicio da noite, meio quente ainda, com um vento gostoso soprando)

A noite ideal: de eclipse.
(lua cheia enorme no céu, estrelas e ele)

O dia ideal: sexta-feira...
(sábado)


VOCÊ ACREDITA EM...
Deus/Diabo: Anjos e demônios!
(não)

Você: não muito.
(sim)

Seus amigos: depende...
(completamente)

Aliens: sim, família é uma coisa importante.
(sim)

Amor: é a única coisa que não duvido.
(é a única coisa da qual eu nunca vou duvidar)

Monstro do armário: não, só no monstro em baixo da cama.
(oh, sim, claro)

Testes sem noção: não, não acredito que estou há mais de meia hora respondendo essa porra.
(lógico que sim!)

Vida após a morte: sim.
(de certo modo acho que ainda acredito)

Destino: destino não tem graça, o acaso que é legal.
(sim e não)


AGORA:
O que está vestindo: como tá frio, muito frio, estou de sobretudo....
(estou de camiseta e calcinha)

Está feliz: não.
(pra caralho)

Está cansado: não muito, com sono.
(bastante)

Está sozinho: yeahp
(não)

Que horas são: 09:54 am.
(18:51)

Que dia é: três de junho.
(11 de agosto de 2006, sexta-feira)

Onde está: gráfica.
(na casa da mamãe)

04 August 2006

Quero meu Bb. Aqui, do meu lado. Meus dois Bb's.
Quero colo, carinho, cuidados, mimos. Dar colo, carinho, cuidados, mimos.
*suspiro*
Isso porque só fazem 4 dias. Imagina só o resto dos 5 meses... Vou morrer! Secar!
Aqui tudo perdeu a graça (e isso já faz tempo), quero estar onde sou necessária e amada.
*suspiro*
Telefone, internet, nada disso adianta.

Primeiro fim de semana longe, e vou me trancar no quarto novamente...
Saudades.
Pra caralho.

O pior é saber que nada é estático, e que zilhões de coisas podem, e irão, acontecer nesse meio tempo, e que pior ainda, podem mudar tudo.
Distância é um bicho escroto que corrói. Mas que deixa tudo tão maior.
A saudade, a paixão, a dor, as coisas boas, a volta.

01 August 2006

Cheguei, e já quero ir embora.
Saudades, imensas. Só dá pra suspirar e esperar (mesmo não sendo a minha melhor qualidade a paciência).
Amo, demais, de verdade assim, de supetão assim, simples assim.
Menino, vem me esquentar, aqui está um frio dos infernos, inverno glacial, insuportável, (ainda mais por estar longe do seu calor), e agora está uns 12 graus. brrrrr
Saudades, mas isso eu já disse.
Quero voltar, mas isso também.
Bb, vem prá cá (e isso eu também já pedi)?

21 July 2006

Simples, ele me faz bem.
Feliz.
Sorrir.
Mimimiiiii

03 July 2006

Sei que não deveria, mas sinto. E isso gera um ciclo vicioso que leva a me sentir pior.
Tenho medo. É isso. Antes eu achava que era ciúmes, mas agora vejo que é medo.
Pior, medo de algo que já aconteceu, há muito tempo. Sublimou.

Fico pensando em não voltar. Desistir. Não sei se quero ir adiante ainda.
Um desespero já começa a me preencher: ir embora para o nada.
Ir para a solidão. Descaso. Desprezo. Desapego.

Ficar seria colocar a pedra em cima e pedi para selarem com cimento.
Seria o nunca mais, sem chances de recaídas. De enganos.

Na verdade sou o próprio medo, ambulante, perambulando por aí. Cego.
Vejo no meu corpo uma espécie de transparência, um vácuo sem-cheio de algo que não sei bem o que é.
Sinto um terror quando essa substância se perde em algo que tambem não sei explicar.
Pode ser feito de algodão ou de enxofre, isso que me faz sentir triste ou feliz ou tudo junto ao mesmo tempo.
As variações são maiores que os laços e os nós das árvores.

Eu sou uma coisa intricada, misturada, confusa. Mas não sou forte como machado que carrego nas costas. Se bem que nem mesmo usar um machado, ele deve saber melhor que eu.
Sirvo de ignorante para me entender melhor.

É preciso dizer, escrever de alguma forma, se não, folha branca, zero. Deixei-me levar pelo arrastão de pensamentos, pela grafia torta, pelo música.

Nós, eu e você somos o mundo. Mundo de tantas coisas, de repente o universo somos todos nós.

Alguém já conseguiu juntar tudo que sabe de si?
Alguém já viu todo o universo?

Somos nós o mínimo e o máximo. É uma loucura isso tudo, não me dê ouvidos, mas por favor não ignore o pensamento. O Pensamento não segue uma linha reta, pelo menos o meu. Ele percorre algumas pistas dos mais diferentes trajetos.

Isso tudo nunca estaria numa peça publicitária, tudo bem, cartesianos de plantão.

Foda-se.

Se querem sentido vão se olhar no espelho.

Tem coisa mais comum que a própria cara? Quem não conhece a própria cara tão bem quanto qualquer um.

Sinta-se a vontade , pois agora tudo vai começar a fazer mais sentido para você.

E eu não acabarei esta noite em seus braços.

É o fim.

01 July 2006

Eu queria um homem passional e inteligente. Que me equilibrasse mas me deixasse louca. Que escrevesse - não que fosse escritor, por favor. Que simplesmente escrevesse coisas que me fizessem fazer aquela cara que eu faço quando me acertam os botões. Eu queria um homem inteligente e que não achasse que eu reclamo demais, apesar de eu reclamar de tudo. Eu praticamente me comunico através de reclamações. Mas é assim que é. Eu queria um homem que gostasse de música boa, que não tivesse medo de se jogar de uma ponte de mãos dadas comigo. Eu queria um homem que entendesse que demoro 50 anos para me arrumar e não achasse isso frescura, e que entendesse que eu preciso ficar sozinha e não fosse grudento, mas fosse um pouco obsessivo, porque isso me faz sentir importante e normal, porque eu sou um pouco obsessiva. Que não fosse muito junkie, só um pouquinho, e que bebesse bastante mas conseguisse ficar sem beber bastante. Que me achasse linda e me dissesse que meu nariz é lindo, mas não se importasse com o fato de que ele vai mudar. Que gostasse de gatos e me trouxesse café na cama às vezes. E não achasse que eu sou mãe dele, nem tentasse ser meu pai. Que conseguisse ficar horas simplesmente falando e escutando, e que escutasse de verdade que nem eu escuto, e que conseguisse falar dele sem ser chato. Que me sacasse de cara em vez de me julgar pra depois me conhecer. Que soubesse bater e acariciar que nem a Nina Simone fazia com o piano dela. Que calasse a minha boca. Que não me mandasse pensar menos. Que tivesse aqueles olhos.

Eu queria um monte de coisas. Teoria.

30 June 2006

23 June 2006

Eu queria acreditar, mas não consigo.
Doente, triste. *suspiros*
"tem coisas que nunca mudam"

Castrado de alma e sem saber fixar-me,
Tarde a tarde na minha dor me afundo...
Serei um emigrado doutro mundo
Que nem na minha dor posso encontrar-me?...

Mário de Sá-Carneiro
Tem horas que eu gostaria de acreditar simplesmente no que me dizem...
mas
não dá mais.



Quando olhaste bem
Nos olhos meus
E o teu olhar era de adeus
Juro que não acreditei
Eu te estranhei me debrucei
Sobre o teu corpo
E duvidei
E me arrastei e te arranhei
E me agarrei nos teus cabelos
No teu peito
Teu pijama
Nos teus pés
Ao pé da cama

Sem carinho, sem coberta
No tapete atrás da porta
Reclamei baixinho

Dei pra maldizer o nosso lar
Pra sujar teu nome
Te humilhar
E me vingar a qualquer preço
Te adorando pelo avesso
Só pra mostrar que ainda sou tua
Até provar que ainda sou tua


19 June 2006

Porque ele é mais importante para mim do que parece, e foi desespero que experimentei quando vi que perdi, ou talvez nunca possui.
Mas eu o amo. Amo de verdade, sem necessidades absurdas, sem cobranças. Puro e simples.
Amo dormir abraçada e sentir sua respiração, sentir você perto de mim.
E não pense em coisas mundanas. É muito mais além.
Meu menino, meu amigo, meu "irmãozinho", meu amor. Indepedente de qualquer coisa.
Frá.
Te amo.
Independente de tudo.
Simples assim.


Goodbye My Lover

Did I disappoint you or let you down?
Should I be feeling guilty or let the judges frown?
'Cause I saw the end before we'd begun,
Yes I saw you were blinded and
I knew I had won.
So I took what's mine by eternal right.
Took your soul out into the night.
It may be over but it won't stop there,
I am here for you if you'd only care.
You touched my heart you touched my soul.
You changed my life and all my goals.
And love is blind and that
I knew when,
My heart was blinded by you.
I've kissed your lips and held your head.
Shared your dreams and shared your bed.
I know you well,
I know your smell.
I've been addicted to you.
Goodbye my lover.
Goodbye my friend.
You have been the one.
You have been the one for me.
I am a dreamer but when I wake,
You can't break my spirit - it's my dreams you take.
And as you move on, remember me,
Remember us and all we used to beI've seen you cry,
I've seen you smile.
I've watched you sleeping for a while.
I'd be the father of your child.
I'd spend a lifetime with you.
I know your fears and you know mine.
We've had our doubts but now we're fine,
And I love you,
I swear that's true.
I cannot live without you.
Goodbye my lover.
Goodbye my friend.
You have been the one.
You have been the one for me.
And I still hold your hand in mine.
In mine when
I'm asleep.A
nd I will bear my soul in time,
When I'm kneeling at your feet.
Goodbye my lover.
Goodbye my friend.
You have been the one.
You have been the one for me.
I'm so hollow, baby,
I'm so hollow.
I'm so, I'm so,
I'm so hollow.

14 June 2006

Sensação terrível, e nem gostaria de nomeá-la, sob o risco de torná-la ainda mais palpável, real.

Silêncio velado, gritos mudos, a boca seca.
Sede.

Entregaria o leme da minha vida nas suas mãos.
Cansei de tentar manter algo que pareça coerente, em linha reta.

Quero bater contra a parede e sentir a sensação do sangue escorrendo até os lábios; metálico e salgado.

Cheiro de flores no meu pescoço, cheiro de polvóra nos meus dedos, hálito de enxofre.
Ácido, básico, neutro.

Deslizando.

Puxando a cadeira, fazendo sexo, dançando no palco, beijando bocas, estraçalhando corações: parece já um século.

Menos é menos, que multiplicando pode se tornar mais de algum modo que não lembro como.
Devoro.

Furem meus tímpanos, estuprem meu gosto, eu gosto de selvageria.

Rasgo sua camisa vermelha, rasgo sua pele branca até se tornar vermelha.
Pronto, para que uma camisa?

Coloco fogo no seu jeans predileto usando seu perfume.
Quase posso vê-lo queimando, você dentro.

Morda minhas coxas até sangrar, deixe marcas roxas por todo meu corpo: heis meu troféu.

Sorria, eu só estou na beira da loucura, ainda não cheguei lá...

12 June 2006

Sleep Together

Os olhos negros perdidos na extensão pálida da pele, fina e frágil, quente, parecendo quase se desprender do corpo nu. Caminhando com as pontas dos dedos, aprendendo seus caminhos, os lugares secretos que faziam estremecer-se, se contorcer, gemer tão levemente que em seus corpos todos os pêlos eriçavam-se, uma súplica de paixão não-verbal. Desfrutavam desse prazer todas as noites e isso lhes tomava todo seu tempo, preenchia todos seus dias.

Não podiam falar daquele amor que não conheciam e nem sabiam explicar, as palavras se tornavam ásperas, punhais rasgando a pureza que existia entre eles.

De olhos fechados respiravam seus aromas, e em meio a uma multidão poderiam reconhecer suas mútuas presenças, como um enorme ímã que levava seus pés ao encontro um do outro. Aspiravam seus corpos, seus cabelos, o ar quente que emanavam. Podiam sentir suas almas em suas bocas em beijos doces, inefáveis, selvagens. Os contornos eram tão claros que os cegavam, eles era uma orquestra de gostos e sensações, sinestésicos, anestésia geral. Aqueles corpos fléxiveis que se abriam ao prazer, que se atiravam um no outro sem medos. Sabiam que haviam achado seu refúgio, ali, quando um se via nos olhos do outro. Tudo parecia ter lógica.

A paz só era conhecida quando descansavam em seus peitos, libertos do resto do mundo, da vida. Tudo excitava o desejo, e a distância pontencializava loucura. A sombra que um deixavam no outro era visível a olhos nu, causando desconforto em quem reconhecia a felicidade tão explícita, em estado bruto. Ela lhe pede tudo o que possui: a si próprio, ele. Ele lhe entregava seu medo e seu claustro. Ela, sua vida.

Ela disse que jamais esqueceria seus sentimentos e momentos em folhas amareladas guardadas em caixas, trancadas em gavetas esquecidas. E era com pânico que lembravam que nada disso era real, que não passavam de delírios, e quando se encontrava, estava apenas a observar seu sorriso naquela única foto distorcida. Uma noite, nenhum dia, nenhuma luz. Desespero, lágrimas, felicidade. O sono falta e os sonhos invadem a lúcidez.

Mas quando ela adormece extenuada, em sono ele lhe acorda com beijos. Por isso nunca soube quanto tempo havia passado, mas sabia da chegada, da partida e da saudade.

"If we sleep together
Will you like me better
If we come together
We'll go down forever
If we sleep together
Will I like you better
If we come together"

09 June 2006

Mataram Bandinni, o meu Arturo.
Estréia hoje o filme do meu livro favorito em todo mundo: Pergunte ao Pó, do meu amado e idolatrado Fante. E assassinaram a história, aquele não é meu Bandinni. Aquele nem chega perto de Bandinni, não tem a força, não tem a graça, nem a desgraça estampada no rosto. As roupas! Limpas, novas. Bandinni usava roupas velhas, não ganhava muito dinheiro escrevendo, quase nem se sustentava! Suas roupas tinham o pó do deserto impregnado na trama do tecido.
Irei assistir o filme, mas não me peçam para reconhecer Badinni...

08 June 2006

Gosto de ver você dormir que nem criança com a boca aberta
O telefone chega sexta-feira
Aperto o passo por causa da garoa
Me empresta um par de meias
A gente chega na sessão das dez
Hoje eu acordo ao meio-dia, amanhã é a sua vez

Vem cá, meu bem, que é bom lhe ver
O mundo anda tão complicado
Que hoje eu quero fazer tudo por você.

Temos que consertar o despertador
E separar todas as ferramentas
Que a mudança grande chegou
Com o fogão e a geladeira e a televisão
Não precisamos dormir no chão
Até que é bom, mas a cama chegou na terça
E na quinta chegou o som

Sempre faço mil coisas ao mesmo tempo
E até que é fácil acostumar-se com meu jeito
Agora que temos nossa casa é a chave que sempre esqueço

Vamos chamar nossos amigos
A gente faz uma feijoada
Esquece um pouco do trabalho
E fica de bate-papo
Temos a semana inteira pela frente
Você me conta como foi seu dia
E a gente diz um p'ro outro:
- Estou com sono, vamos dormir!

Vem cá, meu bem, que é bom lhe ver
O mundo anda tão complicado
Que hoje eu quero fazer tudo por você

Quero ouvir uma canção de amor
Que fale da minha situação
De quem deixou a segurança de seu mundo
Por amor
Por amor
Luzes e sentido e palavra - Palavra é e o coração não pensa


Ontem faltou água, anteontem faltou luz
teve torcida gritando quando a luz voltou
Não falo como você fala mas vejo bem o que você me diz.


Se o mundo é mesmo parecido com o que vejo
prefiro acreditar no mundo do meu jeito,
E você estava esperando voar
Mas como chegar até as nuvens com os pés no chão?


O que sinto muitas vezes faz sentido
E outras vezes não descubro o motivo
Que me explique porque é que não consigo ver sentido
No que sinto, no que procuro e desejo que faz parte do meu mundo


O arco-íris tem sete cores e fui juiz supremo
Vai, vem embora, volta
Todos têm, todos têm suas próprias razões.


Qual foi a semente que você plantou? Tudo acontece ao mesmo tempo
Nem eu mesmo sei direito o que está acontecendo.
E daí, de hoje em diante, todo dia vai ser o dia mais importante.


Se você quiser alguém pra ser só seu
É só não se esquecer eu estarei aqui


Não digo nada, espero o vendaval passar
Por enquanto eu não sei
O que você me falou me fez rir e pensar
Porque estou tão preocupado por estar tão preocupado assim.


Sou bicho do mato, mas se você quiser alguém pra ser só seu
É só não se esquecer eu estarei aqui
Se você quiser alguém pra ser só seu
É só não se esquecer eu estarei aqui
Se você quiser alguém pra ser só seu
É só não se esquecer eu estarei aqui
Se você quiser alguém pra ser só seu
É só não se esquecer eu estarei aqui


Ou então não terás jamais a chave do meu coração

06 June 2006

Cansei dessas baboseiras.
Hoje descobri que talvez eu esteja doente. Mas não estou nem um pouco preocupada. Isso não me manterá longe das minhas metas.
Meus porres tem sido homéricos, coisa de voltar tropeçando, cambaleando sozinha pra casa de madrugada. Lindo isso.

&

Sabe, nunca passei um dia dos namorados legal, com jantar, flores, vinho, sexo selvagem, você sabe, essas coisas idiotas que todo mundo cobiça, mesmo que não assuma.
Nunca, na vida inteira.
E tenho duas opções nesta merda de dia idiota que está chegando para me assombrar.
1. Comprar uma caixa de Dormonid©, tomar na noite do dia 11 e só acordar no dia 13, revigorada.
2. Fazer uma promoção "Deixe a Marcela feliz".

O que vocês acham?
Eu acho que não consigo comprar remédios de tarja preta sem receita. Então vamos à promoção.

ALGUÉM VAI TER QUE ME LEVAR PARA JANTAR NO DIA DOS NAMORADOS.
Nem que seja comer dog no Black Dog. E eu quero vinho. E quero flores e jazz e um cara que consiga não mentir por duas horas. E que tenha lido Fante, Bukowski e goste de Nina Simone e de Miles Davis.
...Ou uma caixa de Dormonid. Alguém aí tem uma caixa de Dormonid sobrando?

05 June 2006

Eu não sei ainda a resposta.
Aliás, sei. Esse fim de semana foi um inferno. Tudo deu errado, e ainda tive que decidir isso.

Não sei porque você, logo agora, mudou de idéia, ou vislumbrou algo...
Mas sinto muito. Não vou cair.
Não vou mais me deixar levar pelo o que senti por você, e sofrer, porque iremos embora, e será nunca mais.
E eu não acredito.
A verdade é: sinto que não será aqui, mas é como se algo me esperasse.
Eu sinto.
E sinto muito, ou nem tanto...



As Flores do Mal

Eu quis você e me perdi
Você não viu e eu não senti
Não acredito nem vou julgar
Você sorriu, ficou e quis me provocar
Quis dar uma volta em todo o mundo
Mas não é bem assim que as coisas são
Seu interesse é só traição

E mentir é fácil demais
Mentir é fácil demais
Mentir é fácil demais
Mentir é fácil demais

Tua indecência não serve mais
Tão decadente e tanto faz
Quais são as regras?
O que ficou?
O seu cinismo essa sedução
Volta pro esgoto baby
Vê se alguém lhe quer

O que ficou é esse modelito da estação passada
Extorsão e drogas demais
Todos já sabem o que você faz
Teu perfume barato, teus truques banais
Você acabou ficando pra trás

Porque mentir é fácil demais
Mentir é fácil demais
Mentir é fácil demais
Mentir é fácil demais

Volta pro esgoto baby
e vê se alguém lhe quer

30 May 2006

Agora acabou, juro, estou sendo expulsa.
Boteco, vodéga, logo ali.
Ah sim, dia dos namorados está perto né?
o fato de não ter televisão em casa ajuda a esquecer esses detalhes, mas infelizmente as pessoas espalham spams pela internet e eu lembro que só tive um dia dos namorados em toda minha vidinha. Não que eu só tenha namorado uma única pessoa, e muito menos que nunca estivesse namorando nesse dia. Mas acontece que ninguém nunca me mimou o bastante para que eu sentisse esse dia. Fútil? Com certeza. Mas são as pequenas coisinhas que fazem A diferença.
Então agradeceria se alguém fingisse ser meu namorado e me convidasse para sair, nem que fosse ali no cachorro quente do seu Zé.

Putz, acabei de reparar que minha dor-de-cotovelo aguda está sendo potencializada pela minha tpm-du-mau.

Sedativos, homens de branco, a camisa por favor.
a verdade é que continuo com dor de cotovelo.
e que preciso urgentemente de alguma coisa.
quando eu decidir voltar pra casa paro num botequinho e bebo.
esses post pequenininho dão no saco, mas não tenho nada melhor pra fazer, e não quero ir pra casa aguentar aqueles três.
*suspiro*
então continuo.
X
Sabe o que é? Lembrei desse textinho do Neil Gaiman, que acho foda demais.

Amor... Você já amou? Horrível, não? Você fica tão vulnerável. O peito se abre e o coração também. Desse jeito qualquer um pode entrar e bagunçar tudo. Você ergue todas essas defesas. Constrói essa armadura inteira, durante anos, pra que nada possa te causar mal. Aí, uma pessoa idiota, igualzinha a qualquer outra, entra em sua vida idiota. Você dá a essa pessoa um pedaço seu. E ela nem pediu. Um dia, ela faz alguma coisa idiota como beijar você ou sorrir e, de repente, sua vida não lhe pertence mais. O amor faz reféns. Ele entra em você. Devora tudo que é seu e te deixa chorando no escuro. Por isso, uma simples frase como "talvez a gente devesse ser apenas amigos" ou "muito perspicaz" vira estilhaços de vidro rasgando seu coração. Dói. Não só na imaginação ou na mente. É uma dor na alma, no corpo, uma verdadeira dor que entra-em-você-e-destroça-por-dentro. Nada devia ser assim. Principalmente amor. Odeio amor.
sabe o que é?
cansei de reclamar.
agora é olho por olho, dente por dente.

29 May 2006

O jogo é: "Durma na minha cama e o amanhã não nos pertence".

- "me apaixono todo dia, e é sempre a pessoa errada."
- "eu gosto de você também."
- quero te sequestrar, quero você num universo paralelo, porque não somos para esse mundo, juntos.
- por que?
- porque você quando disse que me amava achou que eu estava dormindo, para agora dizer que não gosta mais de mim, enquanto ainda estou acordada.
- isso te machuca tanto assim?
- sim, porque assim me vejo obrigada a ir de encontro ao que não quero: os outros...


Era um mundo do qual eu nunca faria parte; olhava as mulheres entrando e saindo – O que é preciso para entrar? Talvez elas fossem realmente diferentes de mim: cheias de grandeza e sensibilidade. Precisava me reencontrar fora da margem – fora daquelas mulheres que transpiravam degradação interna. A resposta está na distância; e no silêncio repleto de mim. Fui tão rasa procurando respostas nas pessoas – nele. Estou certa de que ninguém saberia me dizer por quê. Queria chegar ao ponto em que as perguntas não mais significassem dor – mais fundo.
Só compreenderia minha existência plena quando chegasse ao fundo – de mim; e não dele. Hoje caminho para dentro do único mundo que me foi oferecido – o meu.
Estou certa de que ninguém saberia me dizer por quê. Queria chegar ao ponto em que as perguntas não mais significassem dor; mas o desafio da busca.
Tanto tempo sem sair de casa; redescobria a cidade e suas ruas cobertas de amarelo; seus prédios retos demais; suas curvas fechadas num único grito. O passo, ainda que desacertado, se tornava mais rápido a cada pensamento; temia que as idéias me escapassem antes de atingirem os ouvidos dele:
– Quero me desesperar no seu silêncio.

25 May 2006

Para não dizer que perdi tempo:
ainda há tempo.
Não, não vou mais prender, vou deixar as rédeas soltas como sempre fiz.
Só os fracos tem medo.
Principalmente de se apaixonar.

22 May 2006

Fuck And Run
Liz Phair


I woke up alarmed
I didn't know where I was at first
Just that I woke up in your arms
And almost immediately I felt sorry
'Cause I didn't think this would happen again
No matter what I could do or say
Just that I didn't think this would happen again
With or without my best intentions
And whatever happened to a boyfriend
The kind of guy who tries to win you over?
And whatever happened to a boyfriend
The kind of guy who makes love 'cause he's in it?

And I want a boyfriend
I want a boyfriend
I want all that boring old shit like letters and sodas
Letters and sodas

You got up out of bed
You said you had a lot of work to do
But I heard the rest in your head
And almost immediately I felt sorry
'Cause I didn't think this would happen again
No matter what I could do or say
Just that I didn't think this would happen again
With or without my best intentions

And I want a boyfriend
I want a boyfriend
I want all that stupid old shit like letters and sodas

And I can feel it in my bones
I'm gonna spend another year alone
It's fuck and run, fuck and run
Even when I was seventeen
Fuck and run, fuck and run
Even when I was twelve

And I can feel it in my bones
I'm gonna spend my whole life alone
It's fuck and run, fuck and run
Even when I was seventeen
Fuck and run, fuck and run
Even when I was twelve

You almost felt bad
You said that I should call you up
But I knew much better than that
And almost immediately you felt sorry
'Cause you didn't think this would happen again
No matter what you could do or say
Just that you didn't think this would happen again
Without or without your best intentions

And whatever happened to a girlfriend
The kind of chick who tries to win you over?
And whatever happened to a girlfriend
The kind of chick who makes love 'cause she's in it?

And you want a girlfriend
You want a girlfriend
You want all that boring old shit like letters and sodas
Letters and sodas
Letters and sodas
Letters and sodas

19 May 2006

abra um corte de uns 30 cms
bem no meio das duas costelas
separando-as como se estivesse abrindo
a boca de uma vaca

vai sangrar muito, mas...
corte as veias e aortas conectadas ao orgão
e enfie as duas mãos em forma de concha
arrancando-o do peito
não se surpreenda se ele continuar pulsando nas suas mãos:
meu coração é forte e teimoso

lave-o em água corrente
até que perca a temperatura
a seguir coloque-o num prato
e meta-o no congelador por umas 4 horas seguidas
na temperatura mais abaixo de zero que a geladeira aguentar
meta o dedo e veja se está bem duro
se ainda estiver meio mole bata a tampa do congelador com força
e deixe o desgraçado lá dentro por mais duas horas

mantenha a calma: meu coração não é fácil

agora sim abra a porta do congelador
e retire-o sem muito cuidado
deverá estar bem duro
e morto meio azulado
talvez atire-o dentro da pia
para que caia o excesso de gelo
pegue uma faca grande
ou um machado
e retalhe-o sobre um tabuleiro de madeira
não se espante se for difícil:
meu coração é duro como uma pedra

cuidado para não se cortar...

18 May 2006

Não dá para saber ao certo o quanto só enxergam de mim a superfície; não dá para gritar quando tenho medo de te acordar e te fazer ver que não é nada disso: são apenas borboletas azui, elas voltaram, elas me carregaram até você, e depois me deixaram. Borboletas vivem apenas um dia, um único e derradeiro momento, para perpetuarem sua espécie, deixar seu rastro. Assim como eu. O tempo não se conta por relógios que fazem tic-tac, que colam nos pulsos, que nos fazem dizer adeus o tempo todo.
Adeus.
E sim pelo que é significativo: vivo duas vezes. Uma num passado que não passou, porque o imortalizo dentro de mim, em meu universo paralelo, outra quando escrevo o que sinto mas que nem vivi.

Nunca toque nas asas de uma borboleta, principalmente das azuis, que em épocas como essa costumam esvoaçar na altura do estômago, ou elas não poderam voar novamente. Sou uma dessas borboletas violadas.

É veneno isso que corre em minhas veias, esses pensamentos que são por demais sombrios. O mundo me ensinou a ser distante, a ter medo, a ser fria, triste diante do que sinto, até quando é feliz.
Desde que cheguei esse topor me consome, uma ausência enevoada, desgosto por tudo, por todos, falta de apego: um vazio com um nome de batismo.

Novamente a vida retrocedendo. Dividida, fragmentada pela realidade opressiva, as cobranças sem sentido, a beleza do simples: um amor que não quis dar nome, deixei-o orfão onde encontrei.

Um truque, porque em tão pouco tempo eu o tive em meus braços, eu tive o veneno da sua saliva, me desdobrava em desejo, e continha o abstrato. Sintetizava a ilusão, mordiscava-lhe o pescoço, escondia minhas mãos. Essa é a súperficie, isso é o que o mundo pede de mim, e sem saber por que, eu ofereço a ele, você. Abstraio-me, entrego-me, iludo-te, uma relação quase de sangue, que atrofia na ardência dos teus beijos.

Desconfio de ti o tempo todo, porque nos teus olhos posso ver que és insondável: não tem fundo, não tem cor, hipnotiza e desvia. Causa as maiores, e piores, confusões e pertubações em mim, efeitos fisiológicos, psicológicos, paranormais. Enquanto tento achar onde realmente você está, debaixo das camadas que criou, costurou, cuspiu. É quase desesperador, mas tão excitante, delirante, sufocante. Odeio a mornidão, a normalidade

17 May 2006

Pequenas incursões pseudo-filosóficas de cunho sentimentalóide
[o que é a paixão senão um estado de espirito onde nos encontramos completamente indefesos e bobos, e que mesmo assim sempre procuramos...]

Pode parecer que só sei falar disso [e realmente seja verdade], mas faz falta a segurança de ter alguém para chamar de "seu". Aquela coisa de fazer falta as coisas mais definitivas e fixas na vida.

Por mais que tenhamos aquele discurso "pós-moderno" e "tribalista" de "não ser de ninguém e ser de todo mundo"... realmente, aquela sensação de acordar pela manhã com alguém de confiança ao lado faz falta um pouco. Nem sempre é 'divertido' (se é que posso usar essa palavra) ser totalmente desvinculado de outra pessoa. Às vezes, o que a gente quer é um pouco de compromisso mesmo. Nem sempre Álvares de Azevedo é divertido, por mais noites e mais tavernas que existam. Senti isso quando vi aquele casal discutindo, para depois se olharem, se beijarem e rirem da situação tão boba. Ou aquele casal tão apaixonado, que se conheceram pela internet, e que em cada canto deixam provas do seu estado, mesmo tendo milhares de quilômetros os separando, os planos, as viagens, as contagens regressivas. Senti isso quando não quis dizer nem adeus, nem um mísero "tchau", quando simplesmente voltei. Fica um pouco daquela sensação de vazio, como se realmente algo estivesse faltando. Mas não é nesse nível que as coisas acontecem.

Às vezes acordo de manhã, para ir trabalhar, lembrando da época em que eu acordava com outra pessoa. Aquela vida normal e tranqüila, que muitas vezes vemos com desdém. Mas que contém minutos de delícias que nem se comparam à melhor vodka, à melhor noite com os amigos, às mais belas poesias, às mais gostosas noites fazendo amor com pessoas usuais. Aquela coisa pequena de ter algum corpo morno e confiável pra ficar agarrado de manhã cedo, enquanto ainda sobram uns minutos a mais pra evantar. Tomar café junto. Namorar no gramado. Andar de mãos dadas, sabendo que a próxima despedida não será a última. Fazer planos. Um telefonema durante o expediente só pra dizer "eu te amo" e aquelas outras coisas melosas que às vezes mudam o nosso dia inteiro da água pro vinho. Sei lá, jogar espuma de barbear na pessoa quando ela acabou de sair do banho, e não ganhar uma porrada, mas um beijo e um sorriso... coisas pequenas que acontecem nos cotidianos comuns.

Mas a gente não acha isso em qualquer esquina, não encontra isso em qualquer pessoa. As variáveis são tantas que quase parece impossível. As diferenças, a paixão, a reciprocidade. Aí é simplesmente mais fácil fingir que nada disso faz diferença, que faz falta. É que, talvez, tenha tocado em algo profundo, que eu queria manter anestesiado, mas que é uma necessidade inerente a todos nós.
I wanna write your name on my skin telling the world that I'm yours.

A solidão fica melhor envolta em um edredom. Dessa forma, é preciso cuidado para não se convencer de que na verdade ela é um lindo garoto numa noite ruim. E as histórias de que ter febre é muito gostoso... ele vai concordar, e depois se virar para o lado da parede e te esquecer pelo resto da noite.

Devemos ficar quietos, imóveis e silenciosos se não quisermos que ninguém nos ache.
Eu o chamo de volta para dentro do cobertor. As janelas do meu quarto têm frestas vedadas. Mas o frio sempre consegue entrar. E ele não pode me proteger.

Um dia eu fui o vento frio que entrava pelas frestas da janela, e então eu me vi dentro do quarto. As janelas vedadas não me deixavam sair.

15 May 2006

Pânico
estou morrendo de medo.
muito mesmo.
com esses ataques do PCC, e hoje eles metralharam perto de onde moro.
nunca pensei em passar por isso, me sinto num filme.

12 May 2006

On me dit que nos vies ne valent pas grand chose,
Elles passent en un instant comme fanent les roses.
On me dit que le temps qui glisse est un salaud
Que de nos chagrins il s'en fait des manteaux
Pourtant quelqu'un m'a dit...

Que tu m'aimais encore,
quelqu'un qui m'a dit que tu m'aimais encore.
Serais ce possible alors ?

On me dit que le destin se moque bien de nous
Qu'il ne nous donne rien et qu'il nous promet tout
Parait qu'le bonheur est à portée de main,
Alors on tend la main et on se retrouve fou
Pourtant quelqu'un m'a dit ...

Que tu m'aimais encore,
quelqu'un qui m'a dit que tu m'aimais encore.
Serais ce possible alors ?

Mais qui est ce qui m'a dit que toujours tu m'aimais?
Je ne me souviens plus c'était tard dans la nuit,
J'entend encore la voix, mais je ne vois plus les traits
"il vous aime, c'est secret, lui dites pas que j'vous l'ai dit"
Tu vois quelqu'un m'a dit...

tu m'aimais encore, me l'a t'on vraiment dit...
Que tu m'aimais encore, serais ce possible alors ?

On me dit que nos vies ne valent pas grand chose,
Elles passent en un instant comme fanent les roses
On me dit que le temps qui glisse est un salaud
Que de nos tristesses il s'en fait des manteaux,
Pourtant quelqu'un m'a dit que...

Que tu m'aimais encore,
quelqu'un qui m'a dit que tu m'aimais encore.
Serais ce possible alors ?

11 May 2006

Dorme comigo, segura minha mão. Eu quero que você me leve embora contigo. Meu corpo não quer descansar sem o teu por perto.

Quero incendiar teu desejo, quero sentir a cor da sua pele, te decorar até mesmo pelo avesso. Sentir no frio todo seu calor.

Deita ao meu lado e vamos ver a lua nascer vermelha, tua mão debaixo da minha blusa.
Vamos tirar as fantasias e dançar nus na chuva?

Quero serpentear pela extensão da tua pele e desvendar seus segredos, adorar teus defeitos e arranhar teu peito até conseguir alcançar seu coração.

Quero nós dois juntos, esquecer do mundo nos teus braços, gritar teu nome com veemência e prazer.
Não existem limites e nem distância que me sacie a fome de ti, do teu cheiro e teu gosto.

Quero me sentir completamente tua, lá dentro e bem fundo onde ninguém mais pisou.
Quero me temperar na noite gelada com teu suor e dormir sorrindo, sonhando com a realidade.

Uma comunhão pecaminosa, libertina, sem demoras ou remorsos, que a memória não apaga, o corpo não esquece e sempre pede mais, mais e mais.

Me deixa fazer da sua cama nosso refúgio.

09 May 2006

Timidamente toquei tua pele e pressionei-a com meus lábios. Esta foi a despedida que sua espinha lembra. Aquele beijo de boa noite, que foi o último sonho, antes das memórias se transformarem em imaginação... Como sempre, não estava lá, mas o rastro foi visto à sombra do quarto vazio. Dois passos, para nunca mais. Todo conto de fadas termina com um beijo. Os lábios selam um passado inacabado, para as línguas molhadas e os saltos quebrados. Mero receio.

08 May 2006

Um beijo. Apenas um beijo.
Gostoso, afetuoso, molhado, sedutor, quente, úmido, apaixonado, enfim, um beijo. Daqueles feito tiros, calando a boca, arranhando, mordendo.
Um beijo, com amor ou sem.
Era tudo o que ela mais queria naquela noite de lua e de estrela.

E enquanto tomava sua bebida do e olhava para o céu, ela pôde perceber como mesmo esfumaçado, barulhento, caótico, estúpido, aquele lugar era acolhedor. Acolhedor como as mãos daquele cara que ela não tinha.

A cidade não descansava debaixo do seu olhar severo e magoado. As buzinas gritavam por amores urgentes, amores perdidos, amores carentes, amores desfeitos, amores satisfeitos, por amores inexistentes, por amores, apenas por amores e ela sorriu ao perceber que ninguém entendia o mesmo.

Poucos têm este dom – ela pensou – O dom divino e maravilhoso de perceber o amor.

E ela lembrou do sorriso lindo e charmoso daquele menino que havia lhe dado tchau.

Ao invés de chorar, ela sorriu.

Coisas da noites.

Coisas de noites de meninos lindos.

Coisas de quem nunca sabe qual é o momento certo...

04 May 2006

O Dia que Júpiter Encontrou Saturno
Caio Fernando Abreu

"Foi a primeira pessoa que viu quando entrou. Tão bonito que ela baixou os olhos, sem querer querendo que ele também a tivesse visto. Deram-lhe um copo de plástico com vodka, gelo e uma casquinha de limão. Ela triturou a casquinha entre os dentes, mexendo o gelo com a ponta do indicador, sem beber. Com a movimentação dos outros, levantando o tempo todo para dançar rocks barulhentos ou afundar nos quartos onde rolavam carreiras e baseados, devagarinho conquistou uma cadeira de junco junto a janela. A noite clara lá fora estendida sobre Henrique Schaumann, a avenida poncho & conga, riu sozinha. Ria sozinha quase o tempo todo, uma moça magra querendo controlar a própria loucura, discretamente infeliz. Molhou os lábios na vodka tomando coragem de olhar para ele, um moço queimado de sol e calças brancas com a barra descosturada. Baixou outra vez os olhos, embora morena também, e suspirou soltando os ombros, coluna amoldando-se ao junco da cadeira. Só porque era sábado e não ficaria, desta vez não, parada entre o som, a televisão e o livro, atenta ao telefone silencioso. Sorriu olhando em volta, muito bem, parabéns, aqui estamos.

Não que estivesse triste, só não sentia mais nada.

Levemente, para não chamar atenção de ninguém, girou o busto sobre a cintura, apoiando o cotovelo direito sobre o peitoril da janela. Debruçou o rosto na palma da mão, os cabelos lisos caíram sobre o rosto. para afastá-los, ela levantou a cabeça, e então viu o céu tão claro que não era o céu normal de Sampa, com uma lua quase cheia e Júpiter e Saturno muito próximos. Vista assim parecia não uma moça vivendo, mas pintada em aqualrela, estatizada feito estivesse muito calma, e até estava, só não sentia mais nada, fazia tempo. Quem sabe porque não evidenciava nenhum risco parada assim, meio remota, o moço das calças brancas veio se aproximando sem que ela percebesse.

Parado ao lado dela, vistos de dentro, os dois pintados em aquarela - mas vistos de fora, das janelas dos carros procurand bares na avenida, sombras chinesas recortadas contra a luz vermelha.

E de repente o rock barulhento parou e a voz de John Lennon cantou every day, every way is getting better and better. Na cabeça dela soaram cinco tiros. Os olhos subitamente endurecidos da moça voltaram-se para dentro, esbarrando nos olhos subitamente endurecidos dos moço. As memórias que cada um guardava, e eram tantas, transpareceram tão nitidamente nos olhos que ela imediatamente entendeu quando ele a tocou no ombro.

-Você gosta de estrelas?
-Gosto. Você também?
-Também. Você está olhando a lua?
-Quase cheia. Em Virgem.
-Amanhã faz conjunção com Júpiter.
-Com Saturno também.
-Isso é bom?
-Eu não sei. Deve ser.
-É sim. Bom encontrar você.
-Também acho.

(Silêncio)

-Você gosta de Júpiter?
-Gosto. Na verdade desejaria viver em Júpiter onde as almas são puras e a transa é outra.
-Que é isso?
-Um poema de um menino que vai morrer.
-Como é que você sabe?
-Em fevereiro, ele vai se matar em fevereiro.

(Silêncio)

-Você tem um cigarro?
-Estou tentando parar de fumar.
-Eu também. Mas queria uma coisa nas mãos agora.
-Você tem uma coisa nas mãos agora.
-Eu?
-Eu.

(Silêncio)

-Como é que você sabe?
-O quê?
-Que o menino vai se matar.
-Sei de muitas coisas. Algumas nem aconteceram ainda.
-Eu não sei nada.
-Te ensino a saber, não a sentir. Não sinto nada, já faz tempo.
-Eu só sinto, mas não sei o que sinto. Quando sei, não compreendo.
-Ninguém compreende.
-Às vezes sim. Eu te ensino.
-Difícil, morri em dezembro. Com cinco tiros nas costas. Você também.
-Também, depois saí do corpo. Você já saiu do corpo?

(Silêncio)

-Você tomou alguma coisa?
-O quê?
-Cocaína, morfina, codeína, mescalina, heroína, estenamina, psilocibina, metedrina.
-Não tomei nada. Não tomo mais nada.
-Nem eu. Já tomei tudo.
-Tudo?
-Cogumelos têm parte com o diabo.
-O ópio aperfeiçoa o real
-Agora quero ficar limpa. De corpo, de alma. Não quero sair do corpo.

(Silêncio)

-Acho que estou voltando. Usava saias coloridas, flores nos cabelos.
-Minha trança chegava até a cintura. As pulseiras cobriam os braços.
-Alguma coisa se perdeu.
-Onde fomos? Onde ficamos?
-Alguma coisa se encontrou.
-E aqueles guizos?
-E aquelas fitas?
-O sol já foi embora.
-A estrada escureceu.
-Mas navegamos.
-Sim. Onde está o Norte?
-Localiza o Cruzeiro do Sul. Depois caminha na direção oposta.

(Silêncio)

-Você é de Capricórnio?
-Sou. E você, de peixes?
-Sou. Eu sabia.
-Eu sabia também.
-Combinamos: terra.
-Sim. Combinamos.

(Silêncio)

-Amanhã vou embora para Paris.
-Amanhã vou embora para Natal.
-Eu te mando um cartão de lá.
-Eu te mando um cartão de lá.
-No meu cartão vai ter uma pedra suspensa sobre o mar.
-No meu não vai ter pedra, só mar. E uma palmeira debruçada.

(Silêncio)

-Vou tomar chá de ayahuasca e ver você egípcia. Parada do meu lado, olhando de perfil.
-Vou tomar chá de datura e ver você tuaregue. Perdido no deserto, ofuscado pelo sol.
-Vamos nos ver?
-No teu chá. No meu chá.

(Silêncio)

-Quando a noite chegar cedo e a neve cobrir as ruas, ficarei o dia inteiro na cama pensando em dormir com você.
-Quando estiver muito quente, me dará uma moleza de balançar devagarinho na rede pensando em dormir com você.
-Vou te escrever carta e não te mandar.
-Vou tentar recompor teu rosto sem conseguir.
-Vou ver Júpiter e me lembrar de você.
-Vou ver Saturno e me lembrar de você.
-Daqui a vinte anos voltarão a se encontrar.
-O tempo não existe.
-O tempo existe, sim, e devora.
-Vou procurar teu cheiro no corpo de outra mulher. Sem encontrar, porque terei esquecido. Alfazema?
-Alecrim. Quando eu olhar a noite enorme do Equador, pensarei se tudo isso foi um encontro ou uma despedida.
-E que uma palavra ou um gesto, seu ou meu, seria suficiente para modificar nossos roteiros.

(Silêncio)

-Mas não seria natural.
-Natural é as pessoas se encontrarem e se perderem.
-Natural é encontrar. Natural é perder.
-Linhas paralelas se encontram no infinito.
-O infinito não acaba. O infinito é nunca.
-Ou sempre.

(Silêncio)

-Tudo isso é muito abstrato. Está tocando 'Kiss, kiss, kiss'. Por que você não me convida para dormirmos juntos.
-Você quer dormir comigo?
-Não.
-Porque não é preciso?
-Porque não é preciso.

(Silêncio)
-Me beija.
-Te beijo.

Foi a última pessoa que viu ao sair. Tão bonita que ele baixou os olhos, sem saber sabendo que ela também o tinha visto. Desceu pelo elevador, a chave do carro na mão. Rodou a chave entre os dedos, depois mordeu leve a ponta metálica, amarga. Os olhos fixos nos andares que passavam, sem prestar atenção nos outros que assoavam narizes ou pingavam colírios. Devagarinho, conquistou o espaço junto à porta. Os ruídos coados de festas e comandos da madrugada nos outros apartamentos, festas pelas frestas, riu sozinho. Ria sozinho quase sempre, um moço queimado de sol, com a barra branca das calças descosturadas, querendo controlar a própria loucura, discretamente infeliz.

Mordeu a unha junto com a chave, lembrando dela, uma moça magra de cabelos lisos junto à janela. Baixou outra vez os olhos, embora magro também. E suspirou soltando os ombros, pés inseguros comprimindo o piso instável do elevador. Só porque era sábado, porque estava indo embora, porque as malas restavam sem fazer e o telefone tocava sem parar. Sorriu olhando em volta.

Não que estivesse triste, só não compreendia o que estava sentindo.

Levemente, para não chamar a atenção de ninguém, apertou os dedos da mão direita na porta aberta do elevador e atravessou o saguão delado, saindo para a rua. Apoioiu-se no poste da esquina, o vento esvoaçando os cabelos, e para evitá-lo ele então levantou a cabeça e viu o céu. Um céu tão claro que não era o céu normal de Sampa, com uma lua quase cheia e Júpiter e Saturno muito próximos. Visto assim parecia não um moço vivendo, mas pintado num óleo de Gregório Gruber, tão nítido estava ressaltado contra o fundo da avenida, e assim estava, mas sem compreender, fazia tempo. Quem sabe porque não evidenciava nenhum risco, a moça debruçou-sena janela lá em cima e gritou alguma coisa que ele não chegou a ouvir. Parado longe dela, a moça visível apenas da cintura para cima parecia um fantoche de luva, manipulado por alguém escondido, o moço no poste agitando a cabeça, uma marionete de fios, manipulada por alguém escondido.

De repente um carro freou atrás dele, o rádio gritando 'se Deus quiser, um dia acabo voando'. Na cabeça dele soaram cinco tiros. De onde estava, não conseguiria ver os olhos da moça. De onde estava, a moça não conseguiria ver os olhos dele. Mas as memórias de cada um eram tantas que ela imediatamente entendeu e aceitou, desaparecendo da janela no exato instante em que ele atravessou a avenida sem olhar para trás."