29 October 2008

Remexendo em links antigos achei meu blog de 2003.
Nossa, como tudo mudou.
Como tudo continua exatamente igual.

Pequeno


"Ninguém compreende que o comum não é mais que uma fachada, um personagem de comédia, e que o resto está escondido e há que se mostrar.
Outra coisa sobre a que me é impossível escrever: os que estancaram suas vidas e optaram por viver na superfície, continuar fiéis às idéias, à música, aos livros que conheciam aos 20 anos, os que têm um sentido de humor trancado, uma superfície esmaltada, decorada, que exclui todo o reconhecimento de tragédia inclusive quando recai sobre si próprios, que estão empenhados em neutralizar as desordens profundas, as crises, os desejos insatisfeitos.
Não quero escalar estes muros. Construíram o no medo e o que está enterrado já está deteriorado.
A órbita dessas pessoas é pequena, definida. Pode ser que me agradem como seres humanos, mas para mim são como os intocáveis. Não foram marcados pelos grandes mistérios da vida, nem por tormentas ou grandes momentos."

Anais Nïn

28 October 2008

Sono sono sono sono.
Muito sono.
Muito quente.
Muito ruim.
Por mim dormia até cansar, e depois mais um pouco, pra descansar.
Eu e meus filhos, num lugar bonito e fresco.

06 October 2008

Tanto sangue em vão

Tem essas músicas que me fazem voltar no tempo, muito tempo... 1996 foi um ano ruim.
Foi um ano de dor e drama, foi o ínicio disso tudo, meu prelúdio.
Uma outra vida... tão longe, tão nova, tão doce, tão crédula. Tão eu.

Era um sofrimento que eu não sabia de onde vinha, e vinha de mim. Tenho a impressão de que tudo era extremo naquele tempo, ou os dias quentes e claros demais, ou frios e cinzas, molhados, com cheiro de incenso. Com gosto salgado. Com danças na chuva, com suor na pele bronzeada. Extremos.

Posso quase dizer que sou o negativo daqueles dias, ou aqueles dias são o negativo de quem sou hoje. Ainda não me decidi quem ser de verdade.

Lembro das tentativas de viver um passado, uma outra vida dentro dessa vida, que agora são milhares passadas.

As velas, as sombras, as noites, as vozes, os gostos, as vontades. Moíses e o cordeiro em cima do monte para serem imolados sobre as tábuas que não salvam ninguém.

As músicas.



Tem músicas que me fazem voltar no tempo. Há muito tempo...





Acrilic on Canvas

Legião Urbana

É saudade, então
E mais uma vez
De você fiz o desenho mais perfeito que se fez
Os traços copiei do que não aconteceu
As cores que escolhi entre as tintas que inventei
Misturei com a promessa que nós dois nunca fizemos
De um dia sermos três
Trabalhei você em luz e sombra

E era sempre, Não foi por mal
Eu juro que nunca quis deixar você tão triste
Sempre as mesmas desculpas
E desculpas nem sempre são sinceras
Quase nunca são

Preparei a minha tela
Com pedaços de lençóis que não chegamos a sujar
A armação fiz com madeira
Da janela do seu quarto
Do portão da sua casa
Fiz paleta e cavalete
E com lágrimas que não brincaram com você
Destilei óleo de linhaça
Da sua cama arranquei pedaços
Que talhei em estiletes de tamanhos diferentes
E fiz, então, pincéis com seus cabelos
Fiz carvão do baton que roubei de você
E com ele marquei dois pontos de fuga
E rabisquei meu horizonte

E era sempre, Não foi por mal
Eu juro que não foi por mal
Eu não queria machucar você
Prometo que isso nunca vai acontecer mais uma vez

E era sempre, sempre o mesmo novamente
A mesma traição

Às vezes é difícil esquecer:
"Sinto muito, ela não mora mais aqui"
Mas então, por que eu finjo
Que acredito no que invento?
Nada disso aconteceu assim
Não foi desse jeito
Ninguém sofreu
É só você que me provoca essa saudade vazia
Tentando pintar essas flores com o nome
De "amor-perfeito"
E "não-te-esqueças-de-mim"

02 October 2008

Não sei porque hoje pensei nisso, aliás, nem é de hoje que penso, mas foi apenas hoje que procurei como fazer: Doação de Medula Óssea.

Um tempo atrás tentei doar sangue, mas descobri que não posso por causa de uma maldita anemia genética que tenho, além do fato de quase nunca ter o peso mínimo... Coisas factíveis bizarras da minha vida e compleição física. Não é por querer ser algo como heroína nem nada disso, acho que fazer essas coisas deveria ser normal. Que nem cortar unha, cabelo, pagar impostos... Ok, a maioria das pessoas só pára para pensar nisso quando está ou tem alguém conhecido precisando e eu quero antecipar a necessidade de alguém, ou minha, vá saber.

Mas sabe, no fundo eu realmente queria ajudar alguém. Sem julgar merecimentos. Mais ou menos aquela coisa de ser bom por ser ingênuo, anonimato.

Não sei se vou poder doar, mas irei ao hemocentro fazer o exame para ver se posso. E realmente? Espero que sim. Eu tenho medo da punção e tal, deve doer pra caralho, mas foda-se, porque se eu precisar fazer isso é porque alguém está sofrendo bem mais que eu. Quero alguém para me acompanhar, quem topa?




Aqui umas informações bem interessantes sobre a doação em si, retiradas de uma entrevista do Dr. Drauzio Varella com a Dra. Carmen Vergueiro, que é hematologista e membro da AMEO (Associação de Medula Óssea):

"Drauzio – Como se doa a medula óssea?
Carmen Vergueiro –Existem duas formas de doar a medula óssea: por punção de veia periférica para filtração das células-mãe, as células progenitoras, através de um aparelho ou puncionando a medula diretamente da cavidade do osso.

Drauzio – Como é feita a doação por punção da veia periférica?
Carmen Vergueiro - É um procedimento parecido com o de doar plaquetas do sangue. Antes o doador recebe um medicamento que estimula a produção de células brancas, principalmente de células progenitoras imaturas, que migram da medula óssea para as veias. Cinco dias depois, seu sangue passa por uma máquina semelhante à de diálise, onde é filtrado para coletar essas células. Em média quatro horas de filtração bastam para conseguir a quantidade necessária de material que será processado e levado para o paciente que precisa do transplante.

Drauzio – Esse procedimento dura, em geral, quatro horas. O doador sente algum desconforto?
Carmen Vergueiro – Algum desconforto pode ocorrer quando ele faz uso do estimulante para produzir mais células progenitoras. São sintomas semelhantes ao de uma gripe, um mal-estar que cede com qualquer analgésico.

Drauzio – Durante a filtração das células progenitoras, o doador corre algum risco?
Carmen Vergueiro –Não corre nenhum risco nem sente qualquer desconforto. É um procedimento realizado há mais de 20 anos, e nunca houve nenhum acidente com o doador.

Drauzio – Você disse que são dois métodos. Um é retirar as células progenitoras do sangue periférico. E o outro?
Carmen Vergueiro – O outro é puncionar diretamente a medula óssea do osso, do tutano, como você disse. Usando seringa e agulha, são feitas punções no osso do quadril para aspirar o material que contém as células progenitoras do sangue. Nesse caso, o doador é anestesiado para que não sinta dor. Esse procedimento dura 40 minutos.

Drauzio – Quem pode ser doador de medula óssea?
Carmen Vergueiro – Qualquer pessoa entre 18 e 55 anos, em bom estado de saúde, pode ser doadora de medula óssea. Não existe nenhum outro critério para exclusão.

Drauzio – Não são excluídas pessoas que tiveram hepatite nem as portadoras do vírus HIV?
Carmen Vergueiro – A princípio, não. Pede-se apenas que a pessoa tenha boa saúde. A sorologia não é importante no momento em que entra no programa, pois a probabilidade é que, em cada dez mil, só uma seja doadora, talvez vários anos depois de ter-se inscrito como voluntária.
O importante é saber como ela está clinicamente na hora de doar. Só, então, se irá avaliar, por exemplo, se a hepatite representa um risco tão grande quanto o benefício de receber um transplante de medula óssea."

O resto da entrevista aqui: http://drauziovarella.ig.com.br/entrevistas/doacaomedula.asp