05 January 2007

Eu queria gritar as verdades que falo, mas estou tão contida nessa minha insanidade que nem me importo com verdades.
Isto não é o que você pensa que é.
Olhe além e me veja nua sendo apedrejada pelos pecados que nem cometi.
Não é como uma sensação, algo em chamas nas vicéras.
É algo que me enlouquece e acalma essa fera selvagem dentro de mim...
Nesse mundo bizarro onde tudo é ao contrário do que deveria, onde amor verdadeiro é tão barato que se vende em qualquer esquina, e não se tem outro ópio para salvar a alma dessa perdição não entendo e nem confio em nada além do músculo que arrebenta em estilhaços de carne em meu peito.
Eu sei que existem coiotes e anjos que me queiram, mas sempre fui a pecadorazinha que se apaixonou pelas penitências, e sempre peca para tê-las.
Talvez desse vez eu possa ficar quieta moldando o infinito e levando a vida em frente, para o fundo do seu abismo.
O amor é um vício e nós poderíamos alimentar um ao outro, mas você não quis por sempre querer.
Pude ver isto na lacuna da sua íris, nos buracos vázios do seu corpo.
Mas você é tão bom para isso tudo, lava tuas mãos com meu sangue, tira e põe a coroa de espinhos em mim com a mesma freqüência que me olha nos olhos.
Mergulha nos meus olhos!
Não vira o rosto, circula no meu corpo e entra novamente pelo outro lado, nem tudo pára no mesmo lugar.
Eu não me vendo mais, tenho meus filhotes para cuidar assim que tudo voltar ao seu lugar.
Eu quero algo que perdi há muito tempo atrás e que os ladrões venderam para você.
Estou tão entediada quanto uma morta esquecida.
Eu só queria vomitar alguma coisa bonita para você não me questionar.
Sabia que ainda há vontade em algum lugar.
Sangre os seus pecados.
Vamos esquecer o mundo ao nosso redor de novo e vamos nos tornar um só outra vez como nunca fomos.

Para mim sequer começou mesmo, ainda havia muito pela frente, sempre há...

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