29 August 2010

Como ser uma pessoa nostálgica num mundo que preza o futuro?
Nine Inch Nails é uma daquelas bandas que eu nunca deixo de gostar, mesmo que passe muito tempo sem escutar, quando escuto é foda. Fo-da!
É uma daquelas bandas que todo mundo gosta e que diz muito sobre você, quem você foi, como chegou a ser o que é. Faz parte da sua história pessoal.

25 August 2010

Fico ouvindo várias vezes: "Má, por que você não tem um blog?!"
O fato é, tenho esse que é remanescente dos milhões que tinha antes, mas aqui eu ainda tento escrever o que escrevia. E o que me falam para fazer é sobre moda, tendências, maquiagens, atitudes.

Gosto muito de tudo isso, e tenho até a pretensão de achar que conheço bem essas áreas, mas não sei realmente como repassar tudo, por isso re-posto do buzz tudo que acho legal. É sério, lá tem de, nus artísticos muito fodas, até as frivolidades de interesses gerais.

Quem sabe um dia algum desavisado entra aqui e acha essas coisas, e eu vire, ohmygosh, blogeira de verdade...

21 August 2010



Assumo, e não envergonhadamente, que adoro peitos.
E digo PEITOS, com letras maiúsculas.
É meu lado lésbico falando, mas damnit, boobs!!!

18 August 2010

Eu não sou um ser estático, nunca fui. Mas também nunca deixei de sentir aquilo que me fez mudar em meu eixo, aquilo que me fez que sou. Nunca neguei minha essência, por mais que isso tenha incomodado a quem me tinha valor, como já disse, é parte do que sou.

O pior e o melhor sempre fizeram parte de mim, e posso dizer que agora sei ser a filhadaputa que queriam que eu fosse no passado, mas ainda sei ver com olhos de quem acredita nos outros. Eu tenho meu passado, que queria que voltasse, e o meu presente, que eu não poderia pedir melhor. Ou poderia, mas, comparando com antes... não.

Hoje sou o que já fui e o que sempre quis ser, mas ainda não me sinto satisfeita. Casar não quero, e filhos desisti, era muito a idéia dos meus 20 anos, aquela quem acreditava no melhor de mim e do mundo e não conhecia bem a realidade. E mesmo naquela época me ensinaram o quão doloroso isso poderia ser.E mesmo naquela época eu fui forçada a desistir.

O fato é, hoje sou mais feliz do que nunca fui, o que não me impede de relembrar e sentir falta do meu passado, dos meus sonhos, das facilidades.
E ainda mais de ti, já que nunca tivemos a oportunidade de nada, e que tudo foi tão cedo. E tudo se resumiu ao medo.

Assumo, por ti eu abriria mão do meu presente certo, por um mero talvez. Por ti, e pela incerteza do que a gente nunca conheceu.

12 August 2010

La Petit Mort


Droga!

Às vezes penso se aquele sofá pudesse contar estórias. A nossa seria apenas mais uma, mas seria a única que eu queria saber. Eu e você, depois de tanto tempo e ansiedade. As palavras e o corpo e os sentimentos e os instintos.

Como eu quero que você saiba que te almaldiçoo por aquela noite e tudo que ali, a parti dali, ficou reprimido dentro de mim.

Aquele sofá.

Se fosse como deveria ter sido, eu teria te esquecido, superado, dado o adeus que nunca quis dar.

Mas diabos! Até hoje, você e as cenas que aquele sofá poderia narrar me perseguem antes de dormir.

06 August 2010

Não sei se foi a solidão, ou o desdém, ou qualquer coisa parecida com isso. Mas quando fui tentar o que achava ser correto li esse trecho de um livro do Aldous Huxley e vi o que sempre tinha meio que negado para mim mesma. A solidão intrínseca ao ser-humano, mesmo quando negamos isso (você pode querer ser um monstro, mas é o que é, humano). Não sei se ao ler isso me senti bem ou mal, mas fez todo sentido do mundo, algo que eu precisava naquela época.

"Vivemos, agimos e reagimos uns com os outros; mas sempre, e sob quaisquer circunstâncias, existimos a sós. Os mártires penetram na arena de mãos dadas; mas são crucificados sozinhos. Abraçados, os amantes buscam desesperadamente fundir seus êxtases isolados em uma única autotranscendência, debalde. Por sua própria natureza, cada espírito, em sua prisão corpórea está condenado a sofrer e gozar em solidão. Sensações, sentimentos, concepções, fantasias - tudo isso são coisas privadas e, a não ser através de símbolos, e indiretamente, não podem ser transmitidos. Podemos acumular informações sobre experiências, mas nunca as próprias experiências. Da família à nação, cada grupo humano é uma sociedade de universos insulares. Muitos desses universos são suficientemente semelhantes uns aos outros para permitir entre eles uma compreensão por dedução, ou mesmo por mútua projeção de percepção. Assim, recordando nossos próprios infortúnios e humilhações podemos nos condoer de outras pessoas em circunstâncias análogas; somos até capazes de nos pormos em seu lugar (sempre, evidentemente, em sentido figurado). Mas em certos casos a ligação entre esses universos é incompleta, ou mesmo inexistente. A mente é o seu campo, porém os lugares ocupados pelo insano e pelo gênio são tão diferentes daqueles onde vivem o homem e a mulher comuns que há pouco ou nenhum ponto de contato na memória de cada um para servir de base à compreensão ou a ligação entre eles. Falam, mas não se entendem. As coisas e fatos que símbolos se referem pertencem a reinos de experiências que se excluem mutuamente.
Contemplarmo-nos do mesmo modo pelo qual os outros nos vêem é uma das mais confortadoras dádivas. E não menos importante é o dom de vermos os outros tal como eles mesmo se encaram. Mas e se esses outros pertencerem a uma espécie diferente e habitarem um universo inteiramente estranho? Assim, como poderá o indivíduo, mentalmente são, sentir o que realmente sente o insano? Ou, na iminência de ser reencarnado na pessoa de um sonhador, um médium ou um gênio musical, como poderíamos algum dia visitar os mundos que para Blake, Swedenborg ou Johann Sebastian Bach eram seus lares? E como poderá alguém, que esteja nos limites extremos do ectomorfismo e da cerebrotonia, pôr-se no lugar de outrem que ocupa o limite oposto do endomorfismo e da viscerotonia ou (a não ser dentro de certas áreas restritas) compartilhar dos sentimentos de um terceiro que se situe no campo do mesomorfismo e da somatotonia? Para o behaviorista inflexível, tais proposições – suponho eu – são desprovidas de sentido. Mas para aqueles que aceitam, do ponto de vista teórico, aquilo que, na pratica, sabem ser verdade – isto é, que a experiência possui dois aspectos, um externo e outro interno -, os problemas apresentados são reais e tanto mais sérios por serem, alguns, inteiramente insolúveis, e outros só poderem ser resolvidos em circunstâncias excepcionais e por métodos que não se acham ao alcance de qualquer um. É, pois, quase certo que jamais poderei saber o que sentem sir John Falstaff ou Joe Louis. Por outro lado, sempre me pareceu possível que, por meio do hipnotismo, do auto-hipnotismo, da meditação sistemática, ou ainda pela ação de uma droga apropriada, eu pudesse modificar de tal forma minha percepção normal que fosse capaz de compreender, por mim mesmo, a linguagem do visionário, do médium e até do místico."


Aquela época foi a pior, e melhor, da minha vida. Morar só e onde não tinha nada e ninguém, além da esperança e eu mesma. Até hoje me pergunto como sobrevivi, e dentre os motivos você não fez parte.
E descobrir isso da maneira brutal, que estamos só mesmo que a mentira de não estar seja forte, foi o que me fez aguentar tanto.






ps.: "As Portas da Percepção (no original em inglês, The Doors of Perception), um livro de 1954, escrito por Aldous Huxley, onde o autor pormenoriza as suas experiências alucinatórias quando tomou mescalina. O título provém de uma citação de William Blake:
"Se as portas da percepção estivessem limpas, tudo apareceria para o homem tal como é: infinito."

02 August 2010

Soneto de Agosto

Engraçado como a gente só enxerga aquilo que quer e da maneira que nos convém. E pensando sobre isso lembrei desse soneto do Vinícius de Moraes, que casa perfeitamente com a data e o tema.


Soneto de Agosto

Vinícius de Moraes

"Tu me levaste eu fui... Na treva, ousados
Amamos, vagamente surpreendidos
Pelo ardor com que estávamos unidos
Nós que andávamos sempre separados.

Espantei-me, confesso-te, dos brados
Com que enchi teus patéticos ouvidos
E achei rude o calor dos teus gemidos
Eu que sempre os julgara desolados.

Só assim arrancara a linha inútil
Da tua eterna túnica inconsútil...
E para a glória do teu ser mais franco

Quisera que te vissem como eu via
Depois, à luz da lâmpada macia
O púbis negro sobre o corpo branco."