17 May 2006

Pequenas incursões pseudo-filosóficas de cunho sentimentalóide
[o que é a paixão senão um estado de espirito onde nos encontramos completamente indefesos e bobos, e que mesmo assim sempre procuramos...]

Pode parecer que só sei falar disso [e realmente seja verdade], mas faz falta a segurança de ter alguém para chamar de "seu". Aquela coisa de fazer falta as coisas mais definitivas e fixas na vida.

Por mais que tenhamos aquele discurso "pós-moderno" e "tribalista" de "não ser de ninguém e ser de todo mundo"... realmente, aquela sensação de acordar pela manhã com alguém de confiança ao lado faz falta um pouco. Nem sempre é 'divertido' (se é que posso usar essa palavra) ser totalmente desvinculado de outra pessoa. Às vezes, o que a gente quer é um pouco de compromisso mesmo. Nem sempre Álvares de Azevedo é divertido, por mais noites e mais tavernas que existam. Senti isso quando vi aquele casal discutindo, para depois se olharem, se beijarem e rirem da situação tão boba. Ou aquele casal tão apaixonado, que se conheceram pela internet, e que em cada canto deixam provas do seu estado, mesmo tendo milhares de quilômetros os separando, os planos, as viagens, as contagens regressivas. Senti isso quando não quis dizer nem adeus, nem um mísero "tchau", quando simplesmente voltei. Fica um pouco daquela sensação de vazio, como se realmente algo estivesse faltando. Mas não é nesse nível que as coisas acontecem.

Às vezes acordo de manhã, para ir trabalhar, lembrando da época em que eu acordava com outra pessoa. Aquela vida normal e tranqüila, que muitas vezes vemos com desdém. Mas que contém minutos de delícias que nem se comparam à melhor vodka, à melhor noite com os amigos, às mais belas poesias, às mais gostosas noites fazendo amor com pessoas usuais. Aquela coisa pequena de ter algum corpo morno e confiável pra ficar agarrado de manhã cedo, enquanto ainda sobram uns minutos a mais pra evantar. Tomar café junto. Namorar no gramado. Andar de mãos dadas, sabendo que a próxima despedida não será a última. Fazer planos. Um telefonema durante o expediente só pra dizer "eu te amo" e aquelas outras coisas melosas que às vezes mudam o nosso dia inteiro da água pro vinho. Sei lá, jogar espuma de barbear na pessoa quando ela acabou de sair do banho, e não ganhar uma porrada, mas um beijo e um sorriso... coisas pequenas que acontecem nos cotidianos comuns.

Mas a gente não acha isso em qualquer esquina, não encontra isso em qualquer pessoa. As variáveis são tantas que quase parece impossível. As diferenças, a paixão, a reciprocidade. Aí é simplesmente mais fácil fingir que nada disso faz diferença, que faz falta. É que, talvez, tenha tocado em algo profundo, que eu queria manter anestesiado, mas que é uma necessidade inerente a todos nós.

1 comment:

Anonymous said...

Talvez vc esteja certa...
Realmente eu tento muito mascarar pra tentar descansar e parar de me macucar me iludindo com certos sonhos!
E o amor é um sonho que so chega perto de se realizar, momentos como estes citados são apenas momentos, e o amor é repleto e nunca para de repeti-los, e mesmo repetindo eles não cansam ou enjoam !
De fato, prefiro mil vezes tudo isso do que a solidão...
mas prefiro a solidão a compartilhar de forma tão inerte!
Sem reciprocidade é o mesmo que gastar uma das 9 vidas de um gato.
Ligar e dizer que ama ?
Aahha isso faz qualquer tensão ou até mesmo stress passar =D
"Oi querida, achei um cartão telefonico com 1 unidade portanto liguei so pra dizer o suficiente que não canso de dizer "....."
=)
sei bem como é isso!
Não canse de ser uam pessoa assim querida, o mundo precisa de mais sonhadores pra que não se destrua no meio do colapso dos insensíveis e desumanos