30 May 2007

Brasília, 30 de maio de 2007.

Olá meu Amor;

Sim, hoje queria mandar uma carta para você. Não, dessa vez não será uma carta de amor, mas como é da minha índole, uma queixa velada que nunca irá ler.

É que isso tudo me lembra dos tempos onde eu, mesmo com braços ao meu redor, com sexo na minha cama, com lábios nos meus lábios, me sentia só, estava só. Parece quando Eu apenas não bastava. Podia até ser a número 1, mas não era a única. Onde as coisas machucavam fundo e eu calava por medo de perder, por não saber como explicar: "eu te amo, mas por favor não me joga fora como as camisinhas da noite passada, aquelas que você usou com as outras". Não sei se é isto que realmente está acontecendo, e se for é sutil, mas não dói menos por isso, ao contrário, mantém a dúvida.
Não sei o que está faltando, ou sobrando, ou inexistindo, ou sei lá o quê. Sei apenas do silêncio e dos "Está tudo bem, meu amor." que fico repetindo, que escuto você repetir.
Não deixa de ser rídiculo me sentir assim novamente, ainda mais agora que, teoricamente, estou mais madura, mais qualquer coisa que se ganha com muita porrada na cara, cicatrizes no peito e idade. É isso, me acho velha para passar por isso de novo, todo drama e toda dor. Me acho velha para questionar seu passado e perguntar o motivo de prometer mordidas para outras, sendo que eu já não as recebo mais. Ou de "tentar se manter na linha" porque sou namorada. Ora, não é porque você quer, ou melhor, porque me ama, porque apenas Eu basto?
Não entendo, e ainda por cima, acabo me sinto pequena perto desses fatos. Ficar repetindo que está feliz não significa nada, que ama muito menos. Não significa nada quando junto desses e outros pequenos detalhes. Não sei se dá para entender, nem se é para entender.
Não que eu acreditasse que tudo ia ser como lá no começo, todo fogo e toda calma. O fogo ainda permanece, não tão forte, mas permanece. A calma já foi, voltou, fugiu e hoje anda passeando por aí. Queria de volta. Lógico que queria, todos nossos orgasmos inadjetiváveis. Nossos olhares, horas deitados na cama apenas olhando nos olhos do outro. Eu gosto mais de mim quando me vejo refletida nos teus olhos. Sentindo o calor, sentindo os arrepios.
Isso não é para ser uma cobrança, um pretexto, um qualquer-coisa-do-tipo. Nem desabafo. Mas é que eu sempre calo, e hoje eu queria falar.

Beijos
da sua, hoje menos que ontem,
M.

29 May 2007

Às vezes acho que não nasci mesmo para isso, que essa parte aqui de dentro sempre se rebela. Ou que seja um carma. Coisas do tipo.
Às vezes acho que a Marcela vai morrer de nostalgia. Porque quando vive quer que passe, quando passa quer viver.

23 May 2007



Tenho medo da morte. Acho que nem tanto a minha, mas principalmente das pessoas que amo e estão perto de mim. Poucas vezes fui afetada por ela. Acho que de verdade nunca senti o que ela pode fazer comigo. Mas ainda assim morro de medo.

Antes era raro ver as pessoas ao meu redor morrer, eu era mais nova, as pessoas também, parece que os problemas eram menos mortais. Agora pelo menos uma vez por ano isso vem me incomodar. Vem me mostrar o quanto eu me importo com as pessoas, mesmo que distantes, mesmo que tenhamos nossas diferenças. O quanto é importante falar, conversar, explicar e deixar claro o quanto se gosta. Nomear, qualificar, quantificar o sentimento o quanto seja humanamente fazer isto.

Daqui pra frente isso deve piorar, eu acho. Tanto a freqüência quanto o medo. O sentimento de vazio e de arrependimento de ter se calado, deixar para depois.

Isso de morrer é muito injusto, deixa para trás apenas saudades e dor para quem fica. Ausência que não tem como reparar, colocar nada no lugar.