26 September 2007

Às vezes eu quero chorar
Mas o dia nasce e eu esqueço
Meus olhos se escondem
Onde explodem paixões
E tudo que eu posso te dar
É solidão com vista pro mar
Ou outra coisa prá lembrar

Às vezes eu quero demais
E eu nunca sei se eu mereço
Os quartos escuros pulsam
E pedem por nós
E tudo que eu posso te dar
É solidão com vista pro mar
Ou outra coisa prá lembrar

Se você quiser eu posso tentar mas
Eu não sei dançar
Tão devagar prá te acompanhar

29 August 2007

A Wolf at the Door

Dizem que sonhos são maneiras do nosso inconsciente falar. Freud ewscreveu 'N' coisas sobre, e existem milhares de teorias. Os meus ultimamente tem sido com o passado, uma saudade, um sopro. Talvez sejam as sucessivas perdas, a consciência que nada irá voltar. Talvez a consciência de que fiz tudo errado. É estranho sonhar com isso, até porque anda se tornando repetitivo. Posso acreditar em coisas metafísicas, em karma, que há coisas não resolvidas que precisam ser resolvidas. Mas pra que? Acho inútil remexer nisso. Até porque foi tão dolorido. Lembro que não menti, como muitos acreditavam, mas eu já estava tão sem forças que nem questionei. Lembro de que eu quis fazer as coisas certas, mas sou errada demais, e acabei errando de novo, omitindo de novo, machucando de novo.

No sonho havia beijos, e eu lembro ainda de como é seu beijo. Lembro da barba arranhando a pele, do ritmo. Lembro das mãos, como elas se comportavam. Lembro que gostava de segurar seu rosto, com o polegar perto da sua orelha e os outros dedos atrás dela, acariciando os cabelos. Minha outra mão costumava dar leves puxões na parte de trás dos seus cabelos, ou escorregavam para suas costas, com leves arranhões que iam aumentando a intensidade. E sonhei com isso, era meio que uma despedida decente, uma explicação não-necessária. Uma necessidade, capricho. Um sonho apenas. Mais um sonho.

Às vezes a certeza da inacessibilidade é uma dádiva, um bálsamo. Ainda mantenho minha impulsividade. Ainda tenho armas nas pontas dos meus dedos. Ainda lembro de como me perder no caminho reto.
Mas antes eu não tinha o que perder, agora tenho tudo.

Acalma, respira fundo, esquece. É mais fácil assim Marcela, é mais fácil...

13 August 2007

Sonhei. Dos sonhos que não são lembrados, mas fica o resquício de aroma para perseguir. Não sei porque, mas era real. Um passado que olhando daqui parece uma outra vida. E era. Eu, me vendo fora de mim. Sempre fui dada ao drama, e ele sempre me moveu. Mas posso dizer que acalmei minha alma, depois de toda lama que atravessei. Sonhei e me encontrei querendo achar atalhos para chegar lá, visitá-lo, uma mórbida vontade de ver as coisas de antes com meus prismas de agora. A realidade como eu julgava ser e como julgo. Estranho.
Desatados os nós as coisas flutuam. Não se perdem, voltam em níveis de consciência mais densos, inatingíveis para minha vontade.
É como levar flores ao túmulo de um grande amor. Como lembrar de um professor que te ensinou boa parte do que você sabe hoje. Com carinho.
É isso, boa parte do que sou, de bom e ruim, devo a este. Talvez por isso a repetição que não controlo.


"Ela pousa para mim ao partir. Apetece-me sair a correr e beijar a sua fantástica beleza, beijá-la e dizer: "Tu levas contigo um reflexo de mim, uma parte de mim. Eu sonhei-te, desejei a tua existência. Serás sempre parte da minha vida. Se eu te amo, tem de ser por termos partilhado, alguma vez, o mesmo imaginário, a mesma loucura, o mesmo palco. (...)". Amo-a pelo que ela ousou ser, pela sua dureza, a sua crueldade, o seu egoísmo, a sua perversidade, a sua destrutividade demoníaca. Ela era capaz de me reduzir a cinzas, sem hesitar. Ela é uma personalidade criada para os extremos. Eu admiro a sua coragem para magoar, e estou disposta a ser-lhe sacrificada. Ela somará a totalidade de mim a si. Ela será June mais tudo o que eu contenho."

Anaïs Nin - Henry e June, trecho onde Anaïs descreve seus sentimentos em relação à June, mulher de Henry Miller, com quem ela teve um caso (tanto June quanto Henry).

03 July 2007

O poder de nos enxergar em todos lugares...

27 Fev


"Quando nos deitávamos na cama era fresca, mas depois tornava-se quente e febril. Os seus olhos...é impossível descrever os seus olhos, a não ser dizendo que eram os olhos de um orgasmo. O que lhe acontecia constantemente nos olhos era algo de tão febril, tão incendiário, tão intenso, que por vezes quando olhava diretamente para ela e sentia o meu pênis erguer-se e palpitar, sentia também como se algo estivesse a palpitar nos olhos dela. Só com os olhos dela era capaz de dar essa resposta, essa resposta absolutamente erótica como se ondas febris estivessem a tremer naqueles lagos de loucura...algo de devorador, capaz de lamber um homem de uma ponta à outra como uma chama, aniquilá-lo, com um prazer nunca antes conhecido."
Anaïs Nin
.
.
.
Boa noite, meu amor...

... estava lendo Anaïs Nin, tentando dormir. Lógico que isso não poderia dar certo; Anaïs Nin sempre me causa pensamentos mais densos, e agora eles se aliam aos pensamentos que tenho com/por você. Pensamentos, lembranças, desejos, arrepios, sonhos, vontades, verdades, realidades. Tudo o que se refere à você.

Não consigo dormir. Queria estar na tua cama, nua, lendo para você os trechos mais interessantes, depois te olhar e morder os lábios, dar aquele sorriso que você já conhece, e me atirar no teu corpo (desajeitada do jeito que sou). Ou então ficar lendo e fugindo do seu toque, apenas retendo o momento e a sensações sinestésicas. As palavras aliadas aos olhares, ao desejo pulsante e crescente, ao seu cheiro, aos nossos corpos sensíveis até mesmo ao mais leve sopro. Tudo isso se tornado indistigüível pelo topor que vai tomando conta da gente, e nublando a visão e a razão. Até nós nos abandonarmos de nós mesmo e nos entregarmos um ao outro.
Amo o modo como você me faz sentir, e não falo apenas desses nossos pequenos prazeres carnais; se fosse só isso jamais permaneceria ao teu lado, dormiria e acordaria contigo, entregaria minha alma em beijos. Mas o modo como você me deixa em paz, me faz feliz, sorrir para as coisas mais simples, bobas,o seu poder de aniquilar quase que totalmente meu mau-humor, minhas preocupações. Amo quem sou quando estou ao teu lado.
Às vezes queria me ver de fora quando estou perto de você, devo parecer algo meio de outro mundo, porque o que sinto perto de ti não pode ser deste.

Estou com saudades, e não faz nem um dia que te vi pela última vez! Que provei do teu beijo, teu corpo, teu gosto, teu cheiro. Incrível como teu cheiro tem ficado no meu corpo, e isso me deixa realmente maluca. Maluca a ponto de ignorar responsabilidades, obrigações e cometer loucuras para estar do teu lado. É como se fosse tua marca secreta em mim, ninguém pode ver, mas todos percebem. E eu fico perturbada por não poder te ter sempre ao alcance dos meus lábios.

Amo-te Diego. Hoje mais que ontem e bem menos que amanhã.

("Todos os dias lhe digo que não o posso amar mais, e todos os dias encontro mais amor em mim para ele." Anaïs Nin )

15 June 2007

Protect me from what I want



Quantas vezes a gente se vê vivendo mentiras, daquelas que é melhor fingir que não não se sabe do que encarar e acabar logo com elas? E quantas vezes elas não ficam martelando na nossa cabeça, lembrando que a sua felicidade momentânea é uma mentira também?

Não se pode indefinidamente esconder toda sujeira debaixo do tapete.

E eu só queria sair dessa espiral de mentiras, falsidades, decepções, medo, insegurança, pessoas erradas, tristeza.
É nadar até a praia e não ter mais forças para andar.

No fim não passamos de pedaços de carne expostos no açougue. As coisas, sentimentos, não valem nada, além da carne.



"Ouço o passar de mistérios e o respirar de monstros. Só acordes perfeitos e sussurros. O choque com a realidade obscurece-me a visão e submerge-me no sonho. Sinto a distância como uma ferida. A distância desenrola-se diante de mim como um tapete, posto antes dos degraus da catedral por casamento ou enterro.Desenrola-se como uma noiva vermelha entre os outros e eu, mas não consigo pisá-la sem um sentimento de desconforto como o que se tem nas cerimônias. A cerimônia de pisar o carpete desenrolado até o interior da catedral onde tem lugar os ritos a que sou estranha. Não caso nem morro. E a distância da multidão entre os outros e eu, não pára de aumentar."

30 May 2007

Brasília, 30 de maio de 2007.

Olá meu Amor;

Sim, hoje queria mandar uma carta para você. Não, dessa vez não será uma carta de amor, mas como é da minha índole, uma queixa velada que nunca irá ler.

É que isso tudo me lembra dos tempos onde eu, mesmo com braços ao meu redor, com sexo na minha cama, com lábios nos meus lábios, me sentia só, estava só. Parece quando Eu apenas não bastava. Podia até ser a número 1, mas não era a única. Onde as coisas machucavam fundo e eu calava por medo de perder, por não saber como explicar: "eu te amo, mas por favor não me joga fora como as camisinhas da noite passada, aquelas que você usou com as outras". Não sei se é isto que realmente está acontecendo, e se for é sutil, mas não dói menos por isso, ao contrário, mantém a dúvida.
Não sei o que está faltando, ou sobrando, ou inexistindo, ou sei lá o quê. Sei apenas do silêncio e dos "Está tudo bem, meu amor." que fico repetindo, que escuto você repetir.
Não deixa de ser rídiculo me sentir assim novamente, ainda mais agora que, teoricamente, estou mais madura, mais qualquer coisa que se ganha com muita porrada na cara, cicatrizes no peito e idade. É isso, me acho velha para passar por isso de novo, todo drama e toda dor. Me acho velha para questionar seu passado e perguntar o motivo de prometer mordidas para outras, sendo que eu já não as recebo mais. Ou de "tentar se manter na linha" porque sou namorada. Ora, não é porque você quer, ou melhor, porque me ama, porque apenas Eu basto?
Não entendo, e ainda por cima, acabo me sinto pequena perto desses fatos. Ficar repetindo que está feliz não significa nada, que ama muito menos. Não significa nada quando junto desses e outros pequenos detalhes. Não sei se dá para entender, nem se é para entender.
Não que eu acreditasse que tudo ia ser como lá no começo, todo fogo e toda calma. O fogo ainda permanece, não tão forte, mas permanece. A calma já foi, voltou, fugiu e hoje anda passeando por aí. Queria de volta. Lógico que queria, todos nossos orgasmos inadjetiváveis. Nossos olhares, horas deitados na cama apenas olhando nos olhos do outro. Eu gosto mais de mim quando me vejo refletida nos teus olhos. Sentindo o calor, sentindo os arrepios.
Isso não é para ser uma cobrança, um pretexto, um qualquer-coisa-do-tipo. Nem desabafo. Mas é que eu sempre calo, e hoje eu queria falar.

Beijos
da sua, hoje menos que ontem,
M.

29 May 2007

Às vezes acho que não nasci mesmo para isso, que essa parte aqui de dentro sempre se rebela. Ou que seja um carma. Coisas do tipo.
Às vezes acho que a Marcela vai morrer de nostalgia. Porque quando vive quer que passe, quando passa quer viver.

23 May 2007



Tenho medo da morte. Acho que nem tanto a minha, mas principalmente das pessoas que amo e estão perto de mim. Poucas vezes fui afetada por ela. Acho que de verdade nunca senti o que ela pode fazer comigo. Mas ainda assim morro de medo.

Antes era raro ver as pessoas ao meu redor morrer, eu era mais nova, as pessoas também, parece que os problemas eram menos mortais. Agora pelo menos uma vez por ano isso vem me incomodar. Vem me mostrar o quanto eu me importo com as pessoas, mesmo que distantes, mesmo que tenhamos nossas diferenças. O quanto é importante falar, conversar, explicar e deixar claro o quanto se gosta. Nomear, qualificar, quantificar o sentimento o quanto seja humanamente fazer isto.

Daqui pra frente isso deve piorar, eu acho. Tanto a freqüência quanto o medo. O sentimento de vazio e de arrependimento de ter se calado, deixar para depois.

Isso de morrer é muito injusto, deixa para trás apenas saudades e dor para quem fica. Ausência que não tem como reparar, colocar nada no lugar.

13 April 2007

Não queria isso. Ser ciumenta. Extremamente ciumenta e possessiva, por mais que eu lute contra isso, sou.
Não digo da maneira usual, com namorados e essas coisas. Mas com amigos e meus pais. Principalmente meu pai. Nunca tivemos uma relação muito boa, e me dói ver que ele é mais íntimo de pessoas que conheceu ontem do que de mim. Que ama pessoas estranhas mais do que a mim. Que nada que eu faça mude isso, que nada eu tenha compense. Sei lá, dói ver alguém que se ama com outras pessoas como ele nunca foi com você.

Tipo isso, só queria não me importar tanto.

29 March 2007

Mensagens cifradas à Alfa-Ômega

... em algum lugar existiu, e ainda existe, My Sweet Devil.

Posso falar? Às vezes lembro, e s vezes sinto saudade. Na verdade a saudade vem toda vez que lembro, porque das coisas ruins que aconteceram conosco, não guardei muita coisa. Só um restinho do veneno, como uma espécie de vacina.
Mas não era disso que eu queria falar.
Saudades, das coisas boas.
Das nossas fotos sinceras. Temos poucas fotos juntos, mas em quase todas eu estava verdadeiramente feliz.
Saudades.Do modo como lembro da gente, se atacando para se defender. Caçando um ao outro, selvageria. O Lobo e a Raposa. Nossos pesadelos acordados, nossas mãos dadas pela noite.
Lembro e sinto falta, era puro mesmo quando corrompido.
Não que sinto falta no sentido de querer novamente, mas do modo como deixamos. Ali, assassinado, sangrando, até se esgotar.

Posso falar? Resumindo tudo posso dizer: foi bom. Nossas indas e vindas, os meus, os seus e os nossos pecados, nossas pervesões, pervesidades. Mas não aquela sensação do meu coração nos seus dentes, sendo estraçalhado cada vez que outros lábios, outros sexos você provava. De como um "te amo" era sofrido de falar, escutar. De como nunca haviam braços para me abraçar, e assim tive que aprender a me esquentar só. Do vazio, da espera, do nunca. "Não posso, não quero, não sinto, não toque, não coma." Sempre. As mentiras, penitências, transgressões, agressões físicas.
Disso tudo só ficou o aprendizado.

Acho que ainda deve existir na sua pele as marcas que deixei, de maldade, para provar para todas suas outras putas que, mesmo não permanecendo, estive ali. Sim, era por prazer, mas principalmente por orgulho e crueldade que eu marcava suas costas, seu peito, suas coxas.
Ainda tenho as suas marcas na minha pele, e tenho certeza que foram feitas com o mesmo intuito.

Os olhos. Negros, muito muito muito negros, o que eu amava incondicionalmente em você eram seus olhos, que se mantinham puros, que escondiam o garoto que eu amava. Sim, eu te amei, mais do que a mim mesma. Mas foi aquele garoto que temia quem mais amei. Medo de se machucar, se entregar. Foi esse garoto que fez eu me jogar do abismo, atravessar sua escuridão, enfrentar seus demônios, me entregar. Não o homem que queria me mudar, manipular para suas vontades.
Você.

Ainda tenho suas palavras guardadas. Aquelas em guardanapos dos bares que frequentavamos, que se referiam às minhas coxas brancas, aos meus olhos verdes, ao meu amor cego e burro. Sim.
Por que? Porque essas coisas não são levadas com as águas do tempo. Lhe avisei que seria para sempre.
"Por mais que a vida seja complexa em alguns momentos somos apenas animais que procuram sua caça, mas não se sabe quem é o caçador ou a caça. Mas na verdade todos somos caça e caçador, dominamos e somos dominados, pelos nossos instintos animais.
Ainda morderei como o lobo que sou, como um demônio que tento me tornar, como o garoto triste que você vê, como o nada que você procura, como a dor e calor da presa quando é esquartejada para alimentar seu ímpetuo de morte. "


Mas sabe, Não há fim, Não há início. Há apenas a infinita paixão da vida.
Por isso, às vezes, eu lembro. E, às vezes, sinto saudades.





(um dia você falou: "grite para todos os deuses dos ventos , que eu não estarei lá para escutar." My devil, eu sempre fiz isso, e sempre farei, e não quero mais saber de raiva, ódio, ou mágoa, agora viu cristal.)

17 March 2007

Sensação terrível, e nem gostaria de nomeá-la, sob o risco de torná-la ainda mais palpável, real.
Silêncio velado, gritos mudos, a boca seca. Sede.
Entregaria o leme da minha vida nas suas mãos. Cansei de tentar manter algo que pareça coerente, em linha reta.
Quero bater contra a parede e sentir a sensação do sangue escorrendo até os lábios; metálico e salgado.
Cheiro de flores no meu pescoço, cheiro de polvóra nos meus dedos, hálito de enxofre. Ácido, básico, neutro. Deslizando.
Puxando a cadeira, fazendo sexo, dançando no palco, beijando bocas, estraçalhando corações: parece já um século.
Menos é menos, que multiplicando pode se tornar mais de algum modo que não lembro como. Devoro.
Furem meus tímpanos, estuprem meu gosto, eu gosto de selvageria.
Rasgo sua camisa vermelha, rasgo sua pele branca até se tornar vermelha. Pronto, para que uma camisa?
Coloco fogo no seu jeans predileto usando seu perfume. Quase posso vê-lo queimando, você dentro.
Morda minhas coxas até sangrar, deixe marcas roxas por todo meu corpo: heis meu troféu.
Sorria, eu só estou na beira da loucura, ainda não cheguei lá...

06 March 2007

A última carta para alguém distante


Olá querido, quanto tempo, saudades;

As coisas andam se movimentando. Mas acabei voltando para um pedaço do passado onde encontrei sua lembrança. Sempre se sabe quando na verdade as coisas na vida não são para dar certo. Ou certas coisas. Mas queria imensamente que dessem. Ver essas coisas se degradando aos poucos sem poder fazer muita coisa - o que fazer em caso de mortes prematuras, onde já se sabia o que iria acontecer?

Morreu, há tempos. Na verdade nem deveria ter nascido, não como nasceu: prematura e orfã, coitada. Lembro dela roxa na incubadora, e das minhas esperança que dessa vez, talvez, não morresse; porque isso sempre dói demais. Lembro do seu descaso e das poucas vezes que você se atreveu a olhar para ela: aquela paixão frágil, que tentei proteger na palma das minhas mãos, o medo estampado nos teus olhos.

Não há motivos, mas há a vontade. De chorar, ser consolada. Não há ombros, não existem mãos estendidas. Mas disso também já deveria saber, se acostumar. De tantos ferimentos ainda há espaço para mais alguns. Cicatrizes que endurecem o coração, que já parece uma colcha velha de retalhos que ninguém mais quer, nem os necessitados. Pensei em comprar um novo, daqueles de plástico, transparentes, última geração, frios. Talvez com um desses da próxima vez ninguém consiga se aproximar o bastante para que dali nasça alguma coisa nati-morta.

Sim querido, depois de ti houveram outros, há ainda. Sim querido, continua machucando. Sim, continua sangrando. Sempre. Mesmo de longe você me conhece o bastante para saber dessa minha habilidade de escolher a dedo as melhores formas e os piores conteúdos; as melhores palavras e as piores intenções. Oh sim, continuo afundanda no drama, na inconsistência, nas esperanças, nos sonhos não-compartilhados, no medo, medo, medo. Sim meu eterno, nada mudou depois de ti, apenas você mesmo.

Posso falar a verdade agora? Nada é como falei. Ainda sou dada a esses pequenos desvios da verdade, para depois entregar minhas mentiras em busca de uma punição que julgo necessária. Ainda continuo sendo a pecadora que se apaixonou pelas penitências, e que sempre peca para ser castigada. As coisas mudaram, você já desbotou de mim, de dentro de mim e agora permanece latente. Agora há algo muito mais forte e denso. Uma paixão na incubadora lutando para não morrer também, e dessa vez gostaria tanto que não morresse... Mas que igualmente machuca e magoa, pisa e destrata, para depois cuidar e se desculpar. Mode e assopra. Estamos na UTI, mas ela continua a se debater, a gritar e depois calar. Entra em frênesi, depois volta ao coma. Melhora, dá uma volta lá fora e decaí.
Sim, nesse teatro em que você saiu de cena mudaram os personagens, mas nunca o enredo.

Beijos, cuide-se, agasalhe-se. O inverno pode estar acabando, mas o frio vem de dentro.
Saudades, mas não apareça mais.

Da não mais sua,
Marian.

15 February 2007

Dessas coisas que não se explicam. Dessas coisas que não tem porquê.
Dessas coisas inerentes à condição atual. Não pode existir melancolia em meio à felicidade?
Ou total insegurança à estabilidade?
Bobeira. Ou talvez não.
Cada vez mais parece não ser. Mas não se pode falar, pois tudo parecer estar sempre distorcido. Já não se sabe o que o que é realidade, o que deixa de ser, o que foi.

14 February 2007

"Ela sempre enfurecia-se sozinha, irritava-se sozinha, suportava sozinha suas intensas convulsões emocionais, das quais ele nunca participava." Anaïs Nin
.
.
.
Poucos são aqueles que controlam a situação. A consciência se distância do corpo e ruma às estrelas. Tornamo-nos marinheiros que acreditam no canto das sereias. Somos tão bobos e iludidos, vendidos e prostituídos por nossas idéias de certo e errado que não nos damos o trabalho de expor as questões que emergem do outro lado. Não mergulhamos para não nos sufocarmos. Somos ressonância em um mar de silêncio e ignorância.

Às vezes é bom sentir dor para nos sentirmos humanos. Buscamos ser imortais. Mas nos esquecemos de que o mundo é das químicas letais. Guardamos na gaveta mais profunda a violência e brutalidade que fez com que chegassemos aqui. Somos animais que temem reagir. Deixamo-nos ferir. Suportamos e, por dentro, desejamos explodir. A punição vai segurando as rédeas. Estamos com os ouvidos sempre arredidos. A moral vai levemente regrando. E nos lembramos que não há e nunca houve moral... Nos olhos, um pouco de medo do caos. Porem, é ele que controla estes dias. É preciso saber onde focar toda essa ira. Uma só bala pode matar a rainha. Talvez seja a hora certa para a queda de mais uma dinastia. O tão esperado tombo da bailarina.

Cobiçamos, mas tememos assumir o poder. Cante por aquilo que nunca irá ver, trancafiado em um corpo deformado, por suas atitudes rudes. Sente em uma cadeira e perceba que não há o que observar, toda vez que tenta desviar o olhar...
Qual o seu motivo, para desviá-lo?

O que você tem de medo, é exatamente o que vai ter de dor.

Sinta ao amanhecer o torpor. Perceba que não há ninguém ao seu redor. Despeça-se deste tom de pele. Revele.

12 February 2007

Como eu dizia, um dragão jamais pertence a nem mora com alguém. Seja uma pessoa banal igual a mim, seja um unicórnio, salamandra, elfo, sereia ou ogro. Eles não dividem seus hábitos. Ninguém é capaz de compreender um dragão. Quem poderia compreender, por exemplo, que logo ao despertar (e isso pode acontecer em qualquer horário, já que o dia e a noite deles acontecem para dentro) sempre batem a cauda três vezes, como se estivessem furiosos, soltando fogo pelas ventas e carbonizando qualquer coisa próxima num raio de mais de cinco metros? Hoje, pondero: talvez seja a sua maneira desajeitada de dizer: que seja doce.

06 February 2007

Os olhos perdidos na extensão pálida da pele, fina e frágil, quente, parecendo quase se desprender do corpo nu. Caminhando com as pontas dos dedos, aprendendo seus caminhos, os lugares secretos que faziam estremecer-se, se contorcer, gemer tão levemente que em seus corpos todos os pêlos eriçavam-se, uma súplica de paixão não-verbal. Desfrutavam desse prazer todas as noites e isso lhes tomava todo seu tempo, preenchia todos seus dias.

De olhos fechados respiravam seus aromas, e em meio a uma multidão poderiam reconhecer suas mútuas presenças, como um enorme ímã que levava seus pés ao encontro um do outro. Aspiravam seus corpos, seus cabelos, o ar quente que emanavam. Podiam sentir suas almas em suas bocas em beijos doces, inefáveis, selvagens. Os contornos eram tão claros que os cegavam, eles era uma orquestra de gostos e sensações, sinestésicos, anestésia geral. Aqueles corpos fléxiveis que se abriam ao prazer, que se atiravam um no outro sem medos. Sabiam que haviam achado seu refúgio, ali, quando um se via nos olhos do outro. Tudo parecia ter lógica.

A paz só era conhecida quando descansavam em seus peitos, libertos do resto do mundo, da vida. Tudo excitava o desejo, e a distância pontencializava loucura. A sombra que um deixavam no outro era visível a olhos nu, causando desconforto em quem reconhecia a felicidade tão explícita, em estado bruto.

E distante ela adormece extenuada, em sono ele lhe acorda com beijos. Por isso nunca soube quanto tempo havia passado, mas sabia da chegada.

29 January 2007

Chegou

Encontre um homem que te chαme de lindα ao invés de gostosα.
Que te ligue de voltα quαndo você desligαr nα cαrα dele.
Que deite embαixo dαs estrelαs e escute αs bαtidαs do seu corαção.
Que permαneçα αcordαdo só pαrα observαr você dormir.

Espere pelo homem que te beije nα testα.
Que queirα te mostrαr pαrα todo mundo mesmo quαndo você estα zuαndo.
Um homem que segure suα mão na frente dos αmigos dele.
Que te αche α mulher mαis bonitα do mundo mesmo quαndo você estα sem nenhumα mαquiαgem e que insistα em te segurαr pelα cinturα.

Aquele que te lembrα constαntemente o quαnto ele se preocupα com você e o quanto sortudo ele é por estαr αo seu lαdo.
Espere por αquele que esperαrα por você....
Aquele que vire pαrα o mundo e digα: É elα!!!

(posso dizer: É ele.)

25 January 2007

“Sim, eu sou a mulher de todos os contos. A face que sempre se colhe na face da história: eu Helena, tendo Páris pelos lábios, golpeei Heitor na cabeça; eu Créssida, beijei a boca dos homens de tal maneira que eles adoeceram ou enlouqueceram, ferindo-lhes no cérebro; eu Genebra, usei meus olhos preciosos de rainha e meus delicados cabelos de ouro suave para envolvê-los, e a minha boca melada dei a Lancelote...”

11 January 2007

Image Hosted by ImageShack.us

Voltando a ficar de bem. Comigo e com o resto.
Mas não por motivos óbvios, mas por motivos mais sensíveis.
Posso falar sem sombra de dúvida que depois de um bom tempo, agora, meu sorriso voltou a ser mais verdadeiro, sem sombra de medo ou nada, sem me forçar a fazê-lo nascer.

Contradições que são bem vindas.
Surpresas também.


"Der Wahnsinn
ist nur eine schmale Brücke
die Ufer sind Vernunft und Trieb
ich steig dir nach
das Sonnenlicht den Geist verwirrt
ein blindes Kind das vorwärts kriecht
weil es seine Mutter riecht

Ich finde dich

Die Spur ist frisch und auf die Brücke
tropft dein Schweiss dein warmes Blut
ich seh dich nicht
ich riech dich nur Ich spüre Dich
ein Raubtier das vor Hunger schreit
wittere ich dich meilenweit

Du riechst so gut
du riechst so gut
ich geh dir hinterher
du riechst so gut
ich finde dich
- so gut
ich steig dir nach
du riechst so gut
gleich hab ich dich

Jetzt hab ich dich

Ich warte bis es dunkel ist
dann fass ich an die nasse Haut
verrat mich nicht
oh siehst du nicht die Brücke brennt
hör auf zu schreien und wehre dich nicht
weil sie sonst auseinander bricht

Du riechst so gut
du riechst so gut
ich geh dir hinterher
du riechst so gut
ich finde dich
- so gut
ich steig dir nach
du riechst so gut
gleich hab ich dich

Du riechst so gut
du riechst so gut
ich geh dir hinterher
du riechst so gut
ich finde Dich
- so gut
ich fass dich an
du riechst so gut
jetzt hab ich dich

Du riechst so gut
du riechst so gut
ich geh dir hinterher"

Rammstein | Du Riechst So Gut

08 January 2007

If only tonight we could sleep

Queria apenas não ser. Apenas sentir. É tão mais fácil, simples, melhor.
Se ao menos eu pudesse explicar...



If only tonight we could sleep
In a bed made of flowers
If only tonight we could fall
In a deathless spell

If only tonight we could slide
Into deep black water
And breathe
And breathe...

Then an angel would come
With burning eyes like stars
And bury us deepIn his velvet arms

And the rain would cry
As our faces slipped away
And the rain would cry

Don't let it end...

05 January 2007

Eu queria gritar as verdades que falo, mas estou tão contida nessa minha insanidade que nem me importo com verdades.
Isto não é o que você pensa que é.
Olhe além e me veja nua sendo apedrejada pelos pecados que nem cometi.
Não é como uma sensação, algo em chamas nas vicéras.
É algo que me enlouquece e acalma essa fera selvagem dentro de mim...
Nesse mundo bizarro onde tudo é ao contrário do que deveria, onde amor verdadeiro é tão barato que se vende em qualquer esquina, e não se tem outro ópio para salvar a alma dessa perdição não entendo e nem confio em nada além do músculo que arrebenta em estilhaços de carne em meu peito.
Eu sei que existem coiotes e anjos que me queiram, mas sempre fui a pecadorazinha que se apaixonou pelas penitências, e sempre peca para tê-las.
Talvez desse vez eu possa ficar quieta moldando o infinito e levando a vida em frente, para o fundo do seu abismo.
O amor é um vício e nós poderíamos alimentar um ao outro, mas você não quis por sempre querer.
Pude ver isto na lacuna da sua íris, nos buracos vázios do seu corpo.
Mas você é tão bom para isso tudo, lava tuas mãos com meu sangue, tira e põe a coroa de espinhos em mim com a mesma freqüência que me olha nos olhos.
Mergulha nos meus olhos!
Não vira o rosto, circula no meu corpo e entra novamente pelo outro lado, nem tudo pára no mesmo lugar.
Eu não me vendo mais, tenho meus filhotes para cuidar assim que tudo voltar ao seu lugar.
Eu quero algo que perdi há muito tempo atrás e que os ladrões venderam para você.
Estou tão entediada quanto uma morta esquecida.
Eu só queria vomitar alguma coisa bonita para você não me questionar.
Sabia que ainda há vontade em algum lugar.
Sangre os seus pecados.
Vamos esquecer o mundo ao nosso redor de novo e vamos nos tornar um só outra vez como nunca fomos.

Para mim sequer começou mesmo, ainda havia muito pela frente, sempre há...

01 January 2007

sabe o que é?
terminou de terminar o ano mais foda de toda minha vida, em todos sentidos.
e eu sentada na frente do computador...