30 December 2006

what can I do?
cry.

29 December 2006

espero que nunca me entenda, porque se compreenderes estarás tão desesperado quanto eu

advérbio de intensidade terminado em mente

Devia ser umas onze horas. Ligou o chuveiro e tirou a roupa bem devagar para que a água tivesse tempo de esquentar. Entrou de uma só vez viu a tinta vermelha dos seus cabelos escorrendo ainda, pelo corpo. O mundo é mesmo uma merda. Ela não queria tomar banho, só ficar ali. Sentou no chão e a água começou a bater absurdamente quente nos seus joelhos, deixando-os vermelhos. Masoquista. Como as músicas que ouvia para ficar mais triste. Como roer as unhas até sair sangue. Unhas. Gostava delas carmim como estavam porque parecia mais puta, logo mais despudorada e confiante e moderna e confiante e feliz. As putas deviam ser felizes. Desespero. Procurou algum resquício de ilusão. Gostava de se iludir, de sentir-se falsamente protegida por alguém que pouco se importava com a sua existência. Existência. Se tivesse uma banheira, cortaria os pulsos e morreria afogada na água vermelha, como naquele filme. Então começou a rir sem controle, porque na película (filmes ficam mais bonitos se chamados de películas) a menina suicidava-se ao som de alguma coisa da mariah carey. Ou seria whitney huston? Estúpido, not for her. Ela queria morrer com estilo. Trilha sonora para sua morte poética? Edith piaf. Então pensou nas manchetes dos jornais baratos: jovem desiludida corta os pulsos em uma banheira ouvindo edith piaf. Precisava de um papel para escrever um bilhete para alguém. E não podia ser um bilhete qualquer, mas sim, um como aquele do almodóvar: 'espero que nunca me entenda, porque se compreenderes estarás tão desesperado quanto eu'. Alguma coisa assim, não lembrava direito. E tinha aquela cena com vinil, ne me quite pas e uma frase qualquer bonita. Seus joelhos estavam ardendo. Desligou o chuveiro e saiu. Não tinha uma banheira.

24 December 2006

queria saber o que falta pra preencher, porque sempre me sinto assim. só.
mesmo do lado de quem amo, confio. talvea amor, ao contrário do que acredito, nao valha lá muita coisa.
o que aconteceu com a maldita believer que fui?

Vento No Litoral - Legião Urbana

De tarde quero descansar, chegar até a praia e ver
Se o vento ainda está forte
E vai ser bom subir nas pedras
Sei que faço isso pra esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando tudo embora

Agora está tão longe
Vê, a linha do horizonte me distrai:
Dos nossos planos é que tenho mais saudade,
Quando olhávamos juntos na mesma direção


Aonde está você agora
Além de aqui dentro de mim?


Agimos certo sem querer
Foi só o tempo que errou
Vai ser difícil sem você
Porque você está comigo o tempo todo


Quando vejo o mar
Existe algo que diz:
- A vida continua e se entregar é uma bobagem

Já que você não está aqui,
O que posso fazer é cuidar de mim
Quero ser feliz ao menos
Lembra que o plano era ficarmos bem?

- Ei, olha só o que eu achei: cavalos-marinhos
Sei que faço isso pra esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando tudo embora

23 December 2006

acho que realmente prefiro anônimos à abertos.
ou melhor, saber porque tem problemas com alguém que não procura.
só eu sei da minha vida, e no máximo duas pessoas podem me julgar. PORQUE ME CONHECEM. o resto, rá. NEM FODENDO.
lógico, me sinto mal quando alguém que só sabe de metade de histórias me acusam. "você sabe porquê". o caralho. eu sei, vocês não. deu pra entender?!
sei o que aconteceu, o motivo e porque fiz o que fiz, então nem tente julgar, ao menos sem antes TENTAR saber o que realmente possa ter acontecido.
outra, odeio falsidade.

19 December 2006

As cartas acabaram aos poucos, talvez porque eu já tenha falado tudo o que precisava, e queria. Desistido. Antes já não valia a pena tentar, agora então... Tentar, o que? Não sei, atingir.
O ponto é que nunca acabou, só as tentativas. Mas continua aqui. Não tudo, nem quase, mas algo. E é verdade que sempre volta, mesmo sem nunca ter ido.
A verdade continua sendo uma melancolia inerente, indiferente.