30 March 2006

não concordo.

desculpa, mas não consigo entender. nada. toda essa encenação, esse falso cuidado, essa covardia.
desculpa, mas o que fiz foi consciente. foi porque quis, como quis. mas em algum momento me saiu de controle. não nego que começou como um jogo, passatempo, encenação também. mas acabei virando um fantoche do meu próprio teatro.
sim, continuo sem entender. esse medo. no fim vai ficar igual. cada um vivendo a própria vida, sofrendo ali na frente tanto quanto aqui e agora.
no fim é sozinho, é nunca-mais-até- logo.

não, não posso entender porque eu nunca fui assim.
porque não me cabe essa fantasia.
porque eu sou cabeça-dura e bato com ela na cabeça até ver o sangue escorrer.

mas não posso dizer que isso não me deixe triste (nem tanto por já saber).
mas posso dizer que tentei (e isso me deixa menos triste).

o que dizer?
nada, eu já disse demais.

29 March 2006

cansei.

28 March 2006

Mão Única.

Thomas,
já faz tempo que não te escrevo, não!, digo, realmente, escrever.
É que por aqui as coisas são sempre as mesmas, você sabe, ou talvez não. Espero que esta te alcance, pois sei que não é de seu hábito manter longa estadia em lugar algum.
Você está longe, mas ainda é o seu sorriso que inspira minhas noites insones. Sete, uma para cada dia da semana, para cada uma das tuas cores que estão todas dentro de mim. Minha voz já não é a mesma, você não a reconheceria se pudesse escutar, às vezes penso que todos os meus sonhos não passaram de enganos, e às vezes, mas só às vezes, tenho vontade de me enterrar num trivial sem futilidades.

Por onde correm teus olhos nestes dias tão longos? Vê que já não conto o tempo, nem preciso fazê-lo para saber que se arrasta. Meu tempo sempre se arrasta e me dá a impressão de viver o mesmo tempo desde o início da consciência. Mas os instantes são breves, não é? Embora os dias sejam lentos, seus instantes são breves.

Tenho pena, tanta pena dos olhares jovens que encontro! Porque os jovens são facilmente explorados...Todos os jovens podiam ser artistas de nada. E eu arrasto rugas que o tempo ainda não me deu, tenho os ombros corcundas de carregar o marasmo.

Queria te ver. Já nem sei o que é do teu rosto sempre tão turvo, e me esqueço em teus dedos inábeis para o destino. Ou me engano, acaso não é você meu destino, vai ver destino é apenas mais uma distância, nota que as duas coisas se parecem, "todas as coisas se parecem", você dirá sem se parecer com nada.

Cruel você, mas eu também o sou. Estou só desde o primeiro dia em cheguei acompanhada de uma paixão que me tomou, me sufocou, dizimou e se mostrou não pertencer a mim.
Sabe, pouco me aguento em cronologias, há um monte de complexos no meu colchão, talvez devesse trocá-los por um livro que os pudesse explicar, que acha?

Quero olhos nas minhas paredes, no meu espelho, mas que olhos me quereriam avistar? Tenho saudades que só se entendem em linhas de poesia e em mudas canções inacabadas. Existem coisas em mim que só se resumem na falta de. Parece bobagem, mas a distância percorrida pelos pés me assusta, tenho vergonha deles. Dos meus e dos seus.
Estou cansado de sentir medo, vergonha. Vai saber o dia não se resolve apático.
E aqui me despeço, querido, aguardo atenciosamente no abandono, sua, e sempre sua
M.
Achei um nome, algo para esconder o. Thomas.
Sim, roubado sem pudores de "Insustentável Leveza do Ser", porque por ali no ínicio achei você e Thomas quase a mesma pessoa, obviamente com devidas diferenças. Ou talvez não.
Thomas, com T H, Fomas.
Ainda posso fazer piada.

27 March 2006

é que quanto mais tento elucidar, mais me confundo.
é que quanto mais tento me aproximar, mais distante estou.
quanto mais, menos.
entender, não entender, desistir.
as coisas simples, as mais complexas.
andando sozinha na chuva em plena madrugada de domingo, aquele sentimento de amplitude vazia martelando nas têmporas, ecoando na caixa toráxica.
realmente, fantasias e fragmentos são o que restam depois da festa.

24 March 2006

Almost Blue

É como me sinto. Quase triste. Quase desistindo. Desanimada.
Queria que as coisas fossem bem mais fáceis, mais simples. Não ter colocado ninguém no meio da minha bagunça. Não ser bagunçada assim. De não estar tão confusa a ponto de me arrepender. Queria não ter sido tão impulsiva, imediata, irresponsável.Sem controle, descontrolada.
Sinto vontades que não sei como saciar, e minha mente me solapa o tempo todo.
Estando assim, em um outro lugar eu continuo a mesma pessoa.
Estou extremamente triste na verdade.
Com tudo, tanta coisa, comigo.
Me desculpa, mas eu só sei reclamar. Cobrar

Beijos,
M.

Almost blue

Chet Baker

Almost blue
Almost doing things we used to do
There's a girl here and she's almost you
Almost
All the things that your eyes once promised
I see in hers too
Now your eyes are red from crying

Almost blue
Flirting with this disaster became me
It named me as the fool who only aimed to be
Almost blue
It's almost touching
It will almost do
There is part of me that's always true
Always
Not all good things come to an end
Now it is only a chosen few
I have seen such an unhappy couple

Almost me
Almost you
Almost Blue

21 March 2006

Finais

em xeque-mate.
mas a última jogada não vai ser minha.
preciso ter uma conversa daquelas e não sei o que falar.
com certeza a verdade.

porque o que eu havia definido eu mesma traí.
porque eu havia dito para mim mesma que não mais.
e porque me deixei levar por impulsos calamitosos.
"não nos deixei cair em tentação..."
preciso de um rumo, preciso de uma linha guia.
preciso saber uma coisa que você não me diz.
e provavelmente não irá me dizer.

mas eu digo:
que gosto, sim, gosto.
que estou apaixonada, sim, estou.
mas amar? não. não amo.
e amo, até, mas não ele.
amo até, você.

e a tal conversa será uma daquelas cheias de acusações, de chantagens, de tristeza.
o fim é a única certeza, mas nem por isso deixa de ser tristeza...

Não quero lhe perturbar, mas estou perturbada.
Se eu escutasse suas palavras, estaria escutando para esquecer...

Beijos e mais beijos, acho que devo lhe procurar, mas vou esperar.
Sempre sua,
M.





"Até onde o acaso pode levar uma pessoa?Como saber quando é hora de voltar?Preciso de um tempo pra desenvenenar minha mente, antes que acabe machucando alguém. Acho que já é tarde demais pra isso. Sei que isso vai ficar na intenção. No final das contas, sempre fica... Mas não tem problema. Vou seguindo em frente e ignorando o mundo. Não é assim que os adultos fazem?!"

20 March 2006

love's a dog from hell.

oi,

estou mortificada por ter lhe contado sobre isso confiando na sua memória falha. mas a gente só lembrar quando convém, ou quando a curiosidade nos move.

queria agora realmente saber o que falar, já que talvez você chegue a ler isso. antes eu podia ser piegas, podia me exceder, mas desde antes me envergonho. e penso inúmeras vezes se vergonha é o que eu deveria sentir. afinal não é mentira, afinal não é encenação e eu não ganho nada, a não ser a certeza de ser uma idiota. apaixonada.

penso que talvez eu devesse parar. ou não. não sei.
ou devesse sair. não tenho nada a perder. se estou aqui sei que logo não estarei mais, sei que tu também logo não estarás, sei exatamente até onde tudo isso pode chegar. e que não é longe.
provavelmente se. o que me impede: medo da rejeição.
rejeição é uma maldição que sempre me acompanha.
além das escolhas erradas. fatos.

não vou pedir desculpas dessa vez ao menos, mas sim obrigado.
pelo presente que foi sua sua companhia.
não ficar sozinha foi o melhor presente que poderia ganhar.

juro que queria saber o que fazer. mas nunca sei. só sei do que sinto. só sei do que já aconteceu.
não, não vou continuar com essas cartas bobas de amor. talvez você não queira cartas de amor, você merece coisas mais brilhantes e excitantes que minhas histórias bobas, que palavras repetidas.

talvez eu volte ao ponto de partida, talvez você me deixe te ver partir.
talvez você deixe eu me aproximar, já que a única coisas certa é que iremos embora e talvez nunca mais nos veremos novamente. é um nunca muito perto.
talvez não.

e nesse monte de talvez eu fico tecendo as considerações mais bobas, dignas de um roteiro de filme meloso de quinta categoria. porque sou previsível demais, porque o fim é um clichê piegas, porque meu mundo não faz parte do seu mundo, porque você sempre foge com um medo de algo que eu não sei entender. ou foge ou me manda fugir, ou me forçar a desistir.

mas acontece que eu não desisto.
não até o momento que eu tiver a plena certeza: acabou.
o quê? as chances.
de quê? isso eu também não sei.

mas me lembro de uma certa vez ter te pedido uma única chance, e lembro que respondeu exatamente assim "Claro que eu te dou uma chance. Mais de uma até. Quantas quiser.. até você se cansar de mim". o ponto é: eu não me canso.

essas cartas estão tomando um rumo perigoso, pelo menos para mim. cada vez me expondo mais. mais. e mais um pouco.
quero lhe dar essa parte de mim, porque o nunca mais é logo ali, alguns meses adiante, e assim como eu vou lembrar de você, de tantas outras coisas, queria que você levasse essa parte contigo, uma lembrança.
a intensidade de não medir esforços.
de amar.
isso, amar, mesmo quando o amor não é solicitado, não é bem vindo, é escorraçado.
e de negar.

então a questão é: perdi o rumo. o que eu tentei mesmo lhe falar ali no início?
tudo o que eu quis dizer e talvez não consegui, é aquilo que te contei naquela noite. foram aquelas desculpas lamuriosas que sempre pedi. é um pedido de desculpas por não ter te escutado, ter me apaixonado. ter ido tão longe. e ainda assim, continuar agora.

talvez eu volte ao ponto onde comecei, talvez eu esqueça conscientemente daquela noite, mas a verdade ainda estará vibrando por aí uma vez que já foi dia.

e tentando prever algo sei que você irá ignorar isso tudo, mais uma vez.
que irá se calar, agora que sabe sobre o que falo, mais uma vez.
mas acho, e nunca poderei garantir, agora eu também irei. ignorar. calar.
porque eu já falei demais.
porque se tudo que antes poderíamos usar como desculpas se desfez, a mim só sobra aceitar o que antes não aceitei.
ou não, talvez eu tente um pouco mais.
não sei.
depende ainda de você.

não vou me desculpar dessa vez, apesar dessa bagunça toda. ignore se assim lhe for melhor. como sempre.
inclusive pode ignorar isto também
Te amo.

sua, M.

17 March 2006

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estou exausta. não de cansaço físico, mas algo além.
desculpas, como sempre, mas só posso contar para você.
queria me esconder, fugir. mas olhando bem, já fiz isso, fugi de casa, me escondi do que conhecia. então nem posso mais dizer o que quero, por não saber. isso se alastra. contamina. degenera. e assim me sinto, degenerada.
ando pensando demais, dormindo demais, lendo demais e nada faz sentido. quando vim queria fogo, encontrei realidade fria. você longe. todos longe, não quero mais.
mas sua indiferença é palpitante.
sem mais
sua M.

15 March 2006

Oi, tudo bem?
Bem, não comigo. Sei lá. Dizem que é o infernal astral. Domingo é meu aniversário, você nem deve lembrar, mas tudo bem. Vou passar sozinha, e isso é mais triste do que pode parecer.
Aniversário não passa de data, mais um dia, menos um ano, menos muita coisa, porém, mais um espelho de frente aos outros, me mostrando coisas que tento não ver. Fico absurdamente triste. Pensei em te ligar, mas desisti. Para que te incomodar com minhas pequenezas?
Ah, encontrei uma coisinha sua hoje, pena que você a deixou incompleta. Também me deixou um tanto quanto angustiada. Coisa de gente apaixonada. Boba. Sem sentido.

Como sempre, desculpa por apenas lamúrias.
Beijos, sempre sua
M.

10 March 2006

Oi, sumi um pouco. É tanta coisa, e ao mesmo tempo criando uma rotina completamente nova, mas que não deixa de ser rotina.
Estou doente. Febre, dor de cabeça, enjôos, toda aquela coisa chata. Queria colo e carinho. Fico mais carente quando estou assim.
Estou com saudades, quase dois meses já e agora parece pior por motivos óbvios. A ausência.
Aos poucos vou apaziguando as coisas aqui dentro, tentando me manter em linha reta, me manter um pouco mais limpa, para um dia quem sabe. Um dia.
Agora eu recorro aos detalhes que guardei naquelas vezes que fiquei te olhando, decorando, com medo de esquecer. Os lábios finos, as sobrancelhas grossas e bem feitas, os olhos escuros, as mãos macias de dedos longos, o cabelo, como caia nos seus olhos, a textura da sua língua. Com medo de talvez não poder ver nunca mais esses pequenos detalhes e te perder. Para sempre, como agora.
Sempre fico reclamando do que passou. Sempre fico querendo mais, e mais e mais.
Desculpa.
Te amo.
Sua M.

03 March 2006

lembra que te falei das cartas? sim, elas existem. sim elas são apenas para você, mas duvido que irá lê-las algum dia.
mas não agora, agora apenas irei escrevê-las aqui, apenas irei me mostrar.
quem sabe você ainda me espie de longe, quem sabe você se encontre nas minhas palavras, quem sabe...