30 June 2008

O álcool já corria rápido nas veias, denso como o sangue, presente e latente como o desejo.
Era palpável, podia aspirar o hálito doce daquele homem em minha frente, queria sua língua dilacerada em seus lábios. Tão branca sua pele, e meu maior desejo é vê-la tinta com teu sangue rubro e doce. Seus olhos negros arrancados no ápice do meu prazer.

A cena: uma mesa , dois seres sexuais. Velas, música, absinto, e o objeto de suas perversões mais profundas. Ele quieto, sendo estudado e espreitado. Aquela era nossa única noite. A única de nossas vidas.

Darkness, saliva, semen, blood.

Ele pedia, implorava a cada olhar para que o ato fosse logo consumado, esse era nosso trato, eu lhe dar um pouco do que tinha. Suas mãos inquietas sobre o colo, ocultando algo que pulsava, e no peito algo que dilacerava. Eu apenas observava, me deliciando com sua ansiedade e nervosismo. Adiando o prazer por um prazer ainda maior.
Era tão doce, tão inocente, tão desolado e desiludido. Uma vítima tão perfeita para mim. Eu, sedenta de lúxuria, ansiando por suas mãos fortes em meus quadris, seus dedos em meu corpo, suas palavras sussurradas em meu ouvido. Toda dor e singeleza. Selvageria. Tê-lo por completo dentro de mim e dizimá-lo.

Peguei sua mão, descemos ao porão, a música alta enlouquecia e fazia todo o corpo tremer. Pulsar. Suando os odores da paixão. Joguei-o contra parede, não lhe dei bem um opção. Era meu jogo, minhas regras, eu senhora, ele servo. Ou aceita ou é punido.
Agarrei -o pelos cabelos e enfiei em sua boca minha língua metálica. Rasguei sua blusa, rasguei seu peito, mordi seu pescoço, serpenteei por toda extensão de sua pele pálida até torná-la vermelha. Bebi sua saliva, seu sangue, seu sêmem.
Com o crime consumado deixei-o lá, abandonado, nossa noite já havia terminado.
Mas eu ainda o podia sentí-lo dentro de mim. Sua pureza havia me contaminado. Seus sonhos haviam se tornado os meus.
Um sonho.
A realidade.
O crime perfeito e um final infeliz.