03 May 2006

Across the universe


Vejo no meu corpo uma espécie de transparência, um vácuo semi-cheio de algo que não sei bem o que é. Sinto um terror quando essa substância se perde em algo que também não sei explicar. Pode ser feito de algodão ou de enxofre, isso que me faz sentir triste, ou feliz, ou tudo ao mesmo tempo. As variações são maiores que os laços e os nós das árvores.
Eu sou uma coisa intrincada, misturada, confusa.
Não sou forte como machado que carrego nas costas. Se bem que nem mesmo usar um machado, ele deve saber melhor que eu. Sirvo de ignorante para me entender melhor. É preciso dizer, escrever de alguma forma, se não, folha branca, zero. Deixei-me levar pelo arrastão de pensamentos, pela grafia torta, pelo música.
Nós, eu e você somos o mundo. Mundo de tantas coisas, de repente o universo somos todos nós. Alguém já conseguiu juntar tudo que sabe de si? Alguém já viu todo o universo? Somos nós o mínimo e o máximo. É uma loucura isso tudo, não me dê ouvidos, mas por favor não ignore o pensamento. O Pensamento não segue uma linha reta, pelo menos o meu. Ele percorre algumas pistas dos mais diferentes trajetos. Isso tudo nunca estaria numa peça publicitária, tudo bem, cartesianos de plantão. Foda-se. Se querem sentido vão se olhar no espelho. Tem coisa mais comum que a própria cara? Quem não conhece a própria cara tão bem quanto qualquer um. Sinta-se a vontade , pois agora tudo vai começar a fazer mais sentido para você. E eu não acabarei esta noite em seus braços. É o fim.

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"... Observei-a ficar de pé e tirar as roupas, e em algum lugar de um passado terreno, lembrei-me de ter visto aquele seu rosto antes, aquela obediência e medo. Aconteceu como eu sabia que iria acontecer, mais cedo ou mais tarde. Ela arrastou-se para dentro dos meus braços e eu ri de suas lágrimas. Quando tudo passou, o sonho de flutuar na direção de estrelas que explodiam, e a carne voltou a reter meu sangue em seus canais prosaicos, quando o quarto retornou, o quarto sujo e sórdido, o teto vazio sem sentido, o mundo cansado e desperdiçao, nada senti a não ser o velho sentimento de culpa, a sensação de crime e violação, o pecado da destruição."
Anais Nïn

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