02 May 2006

i found a reason
(to my V)

Meu barco navega sozinho por rumos que desconheço, às vezes me sinto à deriva, às vezes me tomo em remos. Quando encontro outras embarcações é quase sempre um acidente daqueles leves, mas com tons de catástrofe. No meu barco todos os dias são iguais, sempre as mesmas xícaras de café, as mesmas lágrimas, os mesmos sorrisos. Minha jangada é pequena, mas entra quem quer, sai quem quer, desde que me deixe um souvenir, uma lembrança qualquer da presença. Todo mundo faz de mim o que quer, porque eu não ligo. Quando me sinto suja tomo um banho de mar, olho as estrelas nesse vai e vem que às vezes enjoa. Eu vivo no mar porque ele balança, e os dias de calmaria me sufocam que quase não aguento. Já encalhei num banco de areia e vivi lá, como se fosse birmanesa. Evito parar em ilhas, esse barco faz uma viagem só, e ela não tem fim.
(Não querer arrumar para não revirar memórias. Mas não se sinta mal, meu ex-amor, não é você, choro por lembrar que um dia amei sem estar bêbada.)
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Mas você não pode beijar uma idéia,
Você não pode tocá-la ou abraçá-la.
As idéias não podem pedir.
Eles não sentem dor.
Elas não podem amar.
Não foi uma idéia que eu perdi, mas um homem.
Um homem que me fez lembrar do dia 5 de novembro.
Um homem do que eu nunca esquecerei.
...
- Quem é você? Quem?
- Quem é a performance e a pergunta correta seria: "o que sou eu?"
E o que eu sou é um homem com uma máscara.
- Eu já vejo isso.
- Claro que sim. Eu não questiono seus poderes de observação.
Eu só pus ênfase dentro do paradoxo de lhe perguntar, para um homem mascarado quem ele é?

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