18 July 2008

Fundo do Baú

Não guardo rancor. Não existe ressentimento em mim. Aperta a minha mão, puxa uma cadeira e senta aí. Podemos ser amigos . Mas não chega muito perto, não senta do meu lado. Não me olha por muito tempo. Não me olha nos olhos.
Você quis me esquecer. Acontece. Não guardo rancor. Mas não posso te deixar chegar muito perto.
Você não.
Sabe, eu te disse para pisar em mim se quisesse. E você pisou. E eu tive que levantar e caminhar para bem longe, toda fodida de esperar no chão gelado. Então não chega muito perto, não olha nos meus olhos. Porque ao menor sinal, me atiro no chão. Basta um sorriso seu para que comece tudo de novo. Nunca foi tão fácil.
Então fique bem longe de mim. Não quero saber de cotovelos encostando nem sobre suas alvoradas, não quero sentir o teu calor. Podemos sentar e beber amenidades com os outros, mas não me olha.
Deixa a tristeza do que não fomos sentar entre nós. Porque se ela for embora, se ela me deixar por dois segundos, minha certeza vai junto e eu fico de novo aos teus pés.
Não guardo rancor. Não existe mágoa em mim.
Mas fica longe.
Fica bem longe

No comments: